PIB surpreende
e cresce 1,5% no 2º trimestre
Puxado por indústria e investimentos,
resultado interrompe nove trimestres seguidos de variações inferiores a 1%
A economia brasileira finalmente deu
um sinal de vitalidade ao mostrar crescimento, no segundo trimestre do ano,
superior às expectativas mais otimistas do mercado e do governo.
Mas, ainda que amenize o pessimismo
até então crescente entre analistas e investidores, o resultado está longe de
encorajar apostas em uma melhora mais vigorosa daqui para a frente.
Conforme as contas divulgadas ontem
pelo IBGE, a expansão da produção e da renda do país --ou, em economês, do
Produto Interno Bruto-- chegou a 1,5% entre abril e junho, na comparação com os
três meses anteriores.
Trata-se de uma taxa que, se tivesse
continuidade, proporcionaria um crescimento de 6% ao ano, quase o triplo do
esperado para 2013 pela maior parte do mercado.
Foi interrompido o mais longo ciclo
de declínio e estagnação desde o Plano Real: a economia começou a desacelerar
no segundo semestre de 2010 e, no governo Dilma Rousseff, já colecionava nove
trimestres consecutivos de variações inferiores a 1%.
Melhor ainda, o salto trimestral foi
puxado pela indústria, o setor mais abalado pela crise econômica internacional,
e pelos investimentos, os gastos destinados à ampliação da capacidade produtiva
do país.
Depois de encolherem em 2012 a
despeito de sucessivos pacotes oficiais de estímulo, os investimentos já
acumulam alta de 6% neste ano, bem superior aos 2,2% do consumo das famílias.
Os números espelham os objetivos da
política econômica: quando o consumo cresce mais que a capacidade nacional de
produzir bens e serviços, há pressão sobre os preços --o que ajuda a explicar a
alta da inflação.
"A expectativa de um novo padrão
de crescimento da economia brasileira baseado nos investimentos ganha
força", conforme análise publicada pelo IEDI (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
Houve ainda uma forte recuperação da
agropecuária, que havia caído 2,3% no ano passado e acumula crescimento de
14,7% no ano. A contribuição só não foi maior porque o setor tem participação
de apenas 5% no PIB.
PORÉNS
Justamente na indústria e nos
investimentos, porém, estão os obstáculos mais visíveis à continuidade da
aceleração da economia.
Os últimos dois meses foram de piora
das expectativas em relação ao futuro. O índice de confiança da indústria,
medido pela Fundação Getúlio Vargas, caiu para o nível mais baixo desde julho
de 2009, quando o país saía de uma recessão.
A incerteza cresceu com a valorização
do dólar, que encarece os importados, dá novo impulso à inflação e pode obrigar
o Banco Central a elevar mais os juros para conter o consumo e o investimento.
"Já há sinais de contração da
indústria (que puxou o PIB do segundo trimestre pelo lado da oferta) e do
investimento no início do terceiro trimestre", conforme relata boletim
enviado pelo Itaú Unibanco a seus clientes.
À frente, o dólar mais alto tende a
estimular as exportações e, consequentemente, a produção industrial. Mas o
impacto inicial é negativo.
"A curto prazo, o câmbio
atrapalha porque pressiona a inflação, e a resposta [do BC] será segurar o
crescimento", diz Armando Castelar, economista da FGV.
PROJEÇÕES MODESTAS
Tudo considerado, as projeções para a
expansão da economia neste ano e no próximo tendem a passar por uma ligeira
elevação, mas continuarão modestas.
A estimativa do governo de 2,5% em
2013 ficou mais palpável - o Itaú, por exemplo, elevou a sua de 2,1% para
2,4% - e a de 4% em 2014 não é considerada realista por bancos e consultorias.
Uma das explicações é que, apesar da
expansão deste ano, a taxa nacional de investimento não passou de 18,6% do PIB,
ainda abaixo dos patamares de 2011 (18,8%) e 2010 (19,2%).
Pelo diagnóstico da própria equipe
econômica no início do governo Dilma, uma taxa de 25% do PIB deve ser
perseguida para sustentar um crescimento econômico vigoroso e duradouro.
Pesquisas do blog, com informes de Agências de Notícias
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