Poupança volta a render mais de 6,17% ao ano
Com a nova alta dos juros, a caderneta de poupança
voltará a render 6,17% ao ano, independentemente da variação da Taxa Referencial (TR). Isso acontece
porque os juros básicos da economia brasileira, fixados pelo Banco Central,
avançaram para 9% ao ano.
Até então, com
a Selic em 8,5% ao ano, o rendimento da caderneta de poupança, para as
"novas aplicações", estava em 5,95% ao ano, mais a variação da taxa
referencial – que está em zero ou pouco acima disso (rendendo, somente para
alguns vencimentos, 6,17% ao ano).
Em maio do ano
passado, o governo mudou as regras de remuneração da poupança. O rendimento
passou a ser atrelado aos juros básicos da economia, rendendo 70% da aplicação,
mais a Taxa Referencial, quando a taxa básica fixada pelo Banco Central estiver
igual ou abaixo de 8,5% ao ano. Isso para aplicações feitas de 4 de maio de 2012
em diante (nova poupança).
Metas de
inflação
Pelo sistema de
metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas
pré-estabelecidas, tendo por base o IPCA. Ao subir os juros, o BC atua para
controlar a inflação e, ao baixá-los, julga, teoricamente, que a inflação está
compatível com a meta. Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%,
com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para
baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja
formalmente descumprida.
Entretanto, o
próprio Banco Central previu, no relatório de inflação divulgado no fim de
junho, um IPCA próximo de 6% neste ano. Os dados mostram que a instituição
manteve a taxa básica de juros inalterada na mínima histórica, em 7,25% ao ano
desde outubro do ano passado, elevando-a somente em abril, mesmo com a
deterioração do cenário de inflação registrado no primeiro trimestre deste ano.
Em doze meses até julho, o IPCA somou 6,27%
Dólar alto e
PIB baixo
Segundo o
economista da Tendências Consultorias, Silvio Campos Neto, a alta do dólar
continua pressionando a inflação no Brasil. "O câmbio é e tem sido a
variável de maior destaque e deve condicionar estas novas decisões de altas dos
juros [pelo Copom]. Os preços já começam a ter efeito desta mudança no
câmbio", declarou o economista.
Analistas
lembram que quase 25% dos produtos consumidos em nossa economia são importados,
resultando em impacto inflacionário quando a moeda norte-americana se valoriza.
Até meados do mês de maio, o dólar operava ao redor de R$ 2 no Brasil. Desde
então, porém, registrou alta e, atualmente, tem ficado mais próximo de R$ 2,35.
Os economistas
avaliam que uma alta de R$ 0,10 no preço do dólar poderia ter um impacto de
cerca de 0,2 ponto no IPCA deste ano. Deste modo, se o dólar estava em cerca de
R$ 2 antes da sinalização do BC norte-americano e passou, atualmente, para um
valor próximo de R$ 2,35, o impacto seria de aproximadamente 0,7 ponto
percentual no IPCA.
A alta de
juros, segundo economistas, também pode impactar, entretanto, o crescimento da
economia brasileira, que tem sido constantemente revisado para baixo. No fim de
2012, o mercado financeiro estimava que o Produto Interno Bruto (PIB) do país
avançaria 3,30% neste ano. Na semana passada, a previsão já havia recuado para
um crescimento de 2,20% e já há economistas falando em 2% de alta.
Juros reais
Com a decisão
desta quarta-feira do Copom, o Brasil ficou em terceiro lugar no ranking
mundial de juros reais (após o abatimento da inflação prevista para os próximos
doze meses), calculado pelo MoneYou, com taxa de 2,8% ao ano, perdendo para a
China (3,3% ao ano) e para o Chile (3,1% ao ano).
Em julho, na
reunião anterior do Copom, o país estava em segundo lugar nos maiores juros
reais de todo mundo. "Com a alta na Selic, os juros reais brasileiros se
elevam em 0,3 pp e não ganham força devido às projeções de inflação mais
alta", informou o MoneYou
Do G1 em Brasília - Ilustrações do blog
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