Tucanos podem se despedir da Presidência da República
Artigo do Messias Pontes
Com complexo de vaca, o tucanato caminha célere para o brejo.
Pelo menos no curto ou médio prazo o desesperado desejo de retornar ao poder
central para entregar o que sobrou do patrimônio público não passa de um sonho.
Nem mesmo a velha mídia conservadora, venal e golpista, toda ela tucana - sendo
a maioria serrista – conseguiu manter a blindagem para encobrir a roubalheira
dos que se apresentavam como vestais da moral e da ética.
O jornalista Amaury Ribeiro Júnior, com o seu A privataria
tucana, já havia dessecado as falcatruas que se constituíram no maior escândalo
de corrupção desde que o Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República.
Antes os também jornalistas Aloysio Biondi com os seus dois volumes do O Brasil
Privatizado, e Larissa Bortoni e Ronaldo de Moura com O mapa da corrupção no
governo FHC já haviam descortinado todo o processo de corrupção nos oito anos
de desgoverno do Coisa Ruim. Várias outras publicações foram lançadas sobre os
crimes de lesa-pátria e o desvio de dinheiro público para financiar campanhas
tucanas, inclusive do Coisa Ruim a presidente da República.
A velha mídia fez de
tudo evitar que a maioria dos brasileiros tomasse conhecimento dessas
publicações. Mas agora não deu mais pra segurar. Até mesmo a Rede Globo e a
Folha de São Paulo, os mais tucanos de todos, entregaram os pontos e passaram a
noticiar, mesmo de maneira discreta, o que a revista IstoÉ vem revelando nas
quatro últimas edições sobre a roubalheira tucana nas duas últimas décadas em
São Paulo, o já consagrado trensalão.
A maior de todas as
empresas estrangeiras que forneciam trens, metrôs e serviços para o governo
tucano de São Paulo – a Siemens – reconheceu publicamente que fazia parte do
cartel com a francesa Alstom e outras multinacionais. O montante da roubalheira
que irrigou o propinoduto tucano ultrapassa a casa de meio bilhão de reais.
Tudo isso será utilizado durante a campanha presidencial do próximo ano e mostrado
nos mínimos detalhes. Quanto mais tentam negar a participação de tucanos de
alta plumagem no trensalão, mais o Coisa Ruim e Zé Serra se desmoralizam, pois
são categoricamente desmentidos pelas apurações do Ministério Público e do
Cade. Não dá mais para essa dupla continuar batendo carteira e sair gritando
pega o ladrão.
A irreversível divisão no ninho tucano contribui para a
acelerada caminhada para o brejo. O ex-governador paulista José Serra – o Zé
Bolinha de Papel – continua com sua obsessão de disputar pela terceira vez a
Presidência da República e já deixou muito claro que não aceita em hipótese
alguma apoiar a candidatura do também tucano senador mineiro Aécio Neves. Os
dois vão continuar se bicando e plantando notinhas em colunas de jornais contra
o outro. Serra é mestre nessa arte, inclusive contra o seu rival mineiro.
Com Aécio no comando nacional do PSDB e com sua
pré-candidatura presidencial já lançada pelos principais cardeais tucanos, não
resta a Serra outra saída a não ser migrar para outra legenda. Para tanto já
tem convite do presidente nacional do PPS, o também direitista Roberto Freire.
Ambos sonharam com a fusão do PPS com o PMN que renderia mais um tempinho no
rádio e televisão, mas o sonhado MD nasceu morto.
Pra complicar tanto as pretensões de Serra quanto de Aécio,
os dois andam mal nas pesquisas de intensão de voto, mesmo com a grande queda
da popularidade da presidenta Dilma que despencou 30 pontos percentuais depois
das manifestações de junho último, mas que já reconquistou seis. Ademais, a
economia dá sinais de recuperação e a inflação está sendo mantida sob controle,
o que fortalecerá a candidatura de Dilma à reeleição.
Em alguns estados o candidato tucano, seja quem for, não terá
palanque, pois o PSDB está em processo de extinção, como no Ceará, onde o PSDB
já foi o maior partido, tendo mais de 120 prefeitos e mais da metade dos
deputados federais e estaduais, além dos três senadores. Atualmente só tem um
federal e dois estaduais, mas estes já anunciaram a intenção de migrar para outras
legendas: o líder João Jaime deve ir para o DEMO fazer dobradinha com o
ex-deputado federal Moroni Torgan, e Fernando Hugo já está de malas prontas
para ir para o PSD, apêndice do PSB do governador Cid Gomes.
O senador Aécio Neves tem insistido com o ex-governador e
ex-senador Tasso Jereissati para que este se candidate a um cargo majoritário –
governo ou Senado -, mas o líder maior tucano no Ceará já anunciou a sua
disposição de permanecer longe das disputas eleitorais, mesmo tendo aparecido
na última pesquisa de intenção de voto com o maior percentual. Jereissati nunca
disputou uma eleição metendo a mão no bolso. Sempre se elegeu com o uso e abuso
da máquina governamental nas três vezes que disputou e ganhou o governo do
Estado e a senatória. E agora principalmente, pois não tem mais prefeitos,
vereadores, senadores nem deputados. Aqui no Ceará deu pichilinga (piolho), e
muita, no ninho tucano que está a caminho da extinção.
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