BC diz que convergência
da inflação para a meta é compatível com queda da Selic
Meta do Copom é atingir a meta de inflação de 4,5% em 2017 e
2018
(Foto: Arquivo/EBC)
O ritmo de redução da taxa básica
de juros, a Selic, será calibrado, levando em conta o objetivo de atingir a
meta de inflação de 4,5% em 2017 e 2018. A informação consta da ata da última
reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC),
divulgada hoje (25), em Brasília. Na semana passada, o comitê decidiu iniciar o
ciclo de redução da taxa básica de juros, a Selic, que caiu de 14,25% para 14%
ao ano.
No documento de hoje, o BC
reafirmou o seu objetivo de conduzir a política monetária para atingir a meta
nos próximos dois anos.
Para o Copom, atualmente não há
incompatibilidade entre redução da Selic e meta de inflação. “O Comitê entende
que a convergência da inflação para a meta em 2017 e 2018 é compatível com uma
flexibilização moderada e gradual das condições monetárias. O Comitê avaliará o
ritmo e a magnitude da flexibilização monetária ao longo do tempo, de modo a
garantir a convergência da inflação para a meta de 4,5%”, destacou o BC.
O comitê informou ainda que a
intensificação dos cortes na Selic depende da “evolução favorável” de fatores
que permitam maior confiança no alcance da meta de inflação. O BC espera, por
exemplo, que os componentes do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) - mais sensíveis à política monetária (definição da Selic) e à atividade
econômica - “retomem claramente uma trajetória de desinflação em velocidade
adequada.
Ajuste fiscal são necessários
Outro fator citado pelo Copom são
os “ajustes necessários na economia”. Para o comitê, é preciso que o ritmo de
aprovação e a implementação da reforma fiscal contribuam para uma dinâmica
inflacionária compatível com a convergência da inflação para a meta. “O comitê
avaliará a evolução da combinação desses fatores”, disse no documento.
Para o comitê, condicionar a
evolução futura da Selic a fatores relevantes para a inflação “transmite, de
maneira mais adequada, a racionalidade econômica que guia as suas decisões”.
O Copom avalia que houve avanço
nos esforços de aprovação e implementação nos ajustes na economia, notadamente
as reformas fiscais. Para a diretoria do BC, esses esforços são fundamentais
para a estabilização e o desenvolvimento da economia brasileira.
“O comitê deve acompanhar
atentamente esses esforços, uma vez que há reflexos importantes no processo de
desinflação. Há consenso no comitê de que a velocidade no processo de
apreciação das propostas de ajustes tem excedido as expectativas”, disse. O
comitê diz ainda que essas medidas impactam não somente a demanda da economia,
mas também a percepção de melhora da dinâmica das contas públicas no médio e
longo prazos.
Inflação de serviços
Na ata, o Copom pondera que há
sinais de uma pausa recente no processo de desinflação do setor de serviços.
Para o comitê, essa pausa “se dá em níveis cuja manutenção produziria
trajetória de desinflação em velocidade aquém” da esperada. Dessa forma, o
comitê ressalta que é necessário monitorar esse segmento.
Projeções para inflação
Na ata, o comitê diz que as suas
projeções e as do mercado recuaram e estão em torno de 7%.
As projeções para os preços
administrados por contrato ou monitorados foram mantidas em 6,2% em 2016, 5,8%
no próximo ano e 5,1% em 2018.
Entretanto, o Copom disse que uma
série de fatores pode produzir mudanças nas projeções para os preços
administrados. Um desses fatores foi a redução dos preços de combustíveis.
O comitê cita também evidências
de reduções de preços de energia elétrica mais fortes que o esperado em algumas
regiões e a possibilidade de adiamento de reajustes de preços de transporte
urbano em algumas cidades. Por outro lado, o Copom disse que há risco de
reajustes acima do esperado nos preços da energia elétrica ao longo de 2017 em
decorrência, entre outros fatores, de mudança de bandeira tarifária.
De Brasília, Kelly
Oliveira - Repórter da Agência Brasil, 25/10/2016, às 09h42
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