É preciso assinalar a dimensão dos graves crimes praticados por
Aécio Neves e Michel Temer. Com as práticas descobertas, fica patente que os
principais sócios do golpe usavam a política como credencial para o cometimento
continuado de crimes contra o patrimônio público e a sociedade.
Os ilícitos do Temer abrangem o período eleitoral de 2014, quando
a conspiração já estava concebida e ele coordenou com Eduardo Cunha o
recolhimento de quase R$ 28 milhões em propinas da JBS para comprar 140
deputados que elegeriam Cunha à presidência da Câmara para armar a fraude do
impeachment. Neste caso, está claramente tipificado o crime de conspiração
contra a ordem política e o Estado de Direito.
Mesmo no exercício da presidência do país, Temer manteve-se
pessoalmente ocupado com o esquema de corrupção e continuou arrecadando –
pessoalmente – propinas para financiar a organização criminosa, inclusive
pagamentos para acalmar Cunha na prisão.
Como vice-presidente, negociava propinas em jantares com
empreiteiros no Palácio Jaburu, a residência oficial. Como presidente, acertou
uma mesada semanal de R$ 500 mil [R$ 2 milhões mensais por 20 anos] que seria
dividida entre ele e o deputado Rodrigo Rocha Loures [PMDB/PR].
Sendo formalmente a maior autoridade do país, foi cúmplice e prevaricou ante os crimes relatados a ele pelo empresário Joesley Batista.
Sendo formalmente a maior autoridade do país, foi cúmplice e prevaricou ante os crimes relatados a ele pelo empresário Joesley Batista.
A ficha corrida do Aécio Neves, presidente do PSDB, não fica
atrás. Comparado com Aécio, muito criminoso profissional deve se sentir
aprendiz do crime. Mesmo descontando os crimes dele que Moro e os procuradores
de Curitiba sempre esconderam e nunca investigaram, o que foi revelado na
delação dos donos da JBS é, em si mesmo, estarrecedor.
O senador tucano, além de cometer o crime de conspiração para
derrubar a Presidente Dilma, é investigado por uma cesta de outros crimes:
aparelhamento da PF para melar investigações, legalização do caixa 2, sabotagem
da Lava Jato, corrupção, improbidade administrativa, fraude em licitações,
lavagem de dinheiro, formação de cartel, evasão de divisas e formação de
quadrilha.
O monitoramento da propina da JBS a Aécio, transportada pelo seu
primo Frederico Pacheco de Medeiros, é instigante: o destinatário foi o
secretário do senador Zezé Perrela, proprietário do helicóptero apreendido com
450 kg de pasta base de cocaína cuja investigação foi abafada e retirada do
noticiário.
É fundamental, em vista disso, que as investigações afastem a
possibilidade de que o dinheiro de corrupção do senador do PSDB possa ter
conexão com o narcotráfico e com o crime organizado. A este respeito, há tempos
o noticiário especula se o aeroporto reformado com dinheiro público em terreno
de propriedade da família de Aécio na cidade mineira de Cláudio é parte da
logística do tráfico internacional de drogas.
Infelizmente é lugar comum pessoas programarem o ingresso na
política para fazer negócio ou para enriquecerem. Apesar desta conhecida
realidade, é impossível não se escandalizar com os esquemas mafiosos revelados
nos pormenores.
É vergonhoso o que a oligarquia brasileira fez. Derrubaram a
Presidente Dilma com uma fraude, tomaram de assalto o poder e entregaram o
governo a bandos criminosos.
Em menos de 12 meses, destroçaram o Brasil e comprometeram o
futuro do país pelas próximas décadas. Este crime das classes dominantes ficará
gravado para sempre como uma das páginas mais deploráveis da história do
Brasil.
(*) - Jefferson Miola é Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial
(*) - Jefferson Miola é Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial
De Brasília, Brasil 247, em 20/05/2017, às 10h20
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