terça-feira, 23 de maio de 2017

Opinião - Artigo

Por Alex Solnik (*) 
Temer deve ser mesmo um cara ingênuo, como afirmou em entrevista à Folha anteontem. Ele é tão ingênuo que não se dá conta de que é uma ilha de honestidade cercada de corruptos por todos os lados.
Não estou falando de figurinhas carimbadas tais como Eduardo Cunha, Eliseu Padilha, Moreira Franco, Romero Jucá, Geddel Vieira Lima, todos investigados e conhecidos de todos, mas de gente de quem até outro dia pouco se ouviu falar e de repente emergem como delinquentes no noticiário policial.
Primeiro foi o deputado Rocha Loures. Teve poucos holofotes na mídia até ser indicado por Temer na conversa com Joesley para resolver seus problemas no Cade e filmado pela Policia Federal literalmente fugindo, numa calçada dos Jardins, em São Paulo, com mala que lhe foi entregue por um diretor da JBS recheada com 500 mil reais.
Era um homem de confiança do presidente. E por mais que ele ou o presidente apresentem explicações rocambolescas para o episódio está subentendido que o deputado, um mero suplente, não tinha bala para resolver os graves problemas da JBS no Cade sem a participação de seu chefe.
Não ter sido preso em flagrante foi uma lambança imensa da PF, mas já foi afastado da Câmara e em breve será encarcerado.
Rocha Loures dividia uma sala no Palácio do Planalto com Tadeu Filipelli, que foi preso hoje em companhia dos ex-governadores José Arruda e Agnelo Queiroz. Quem o trouxe para o Planalto foi o próprio Temer, ainda quando era vice de Dilma, para atuar ao lado de Eliseu Padilha e de Rocha Loures.
No dia 6 de julho de 2015, matéria dos repórteres Ricardo Della Coletta e Rafael Moraes Moura publicada n’O Estado de S.Paulo dizia o seguinte:
“Apesar da pressão para deixar a articulação política do governo, o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) decidiu reforçar a equipe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) e vai nomear, nos próximos dias, o ex-vice-governador do Distrito Federal Tadeu Filippelli (PMDB) para a chefia de gabinete da pasta. Segundo apurou o Broadcast Político, Filippelli deve atuar ao lado do ministro-chefe da Aviação Civil, Eliseu Padilha, e de Rodrigo Rocha Loures nas negociações com o Congresso que envolvem distribuição de cargos e de emendas. Rocha Loures, que já chefiou o gabinete, será deslocado para a assessoria especial. A expectativa de aliados de Temer é que a escalação de Filippelli ajude a destravar nomeações do segundo e terceiro escalões, além de facilitar a liberação de emendas parlamentares - dois focos permanentes de insatisfação dentro da base aliada do governo. ‘Já tive três mandatos de deputado, fiquei muito tempo na Câmara, então isso poderia permitir uma interlocução interessante não só com o PDMB, mas com a própria Câmara’, disse Filippelli ao Broadcast Político. ‘Estarei à disposição do presidente Michel Temer para contribuir naquilo que for necessário, principalmente nessa interlocução com os segmentos políticos.’

Se Filipelli ocupava a mesma sala de Rocha Loures não é absurdo imaginar que “contribuir naquilo que for necessário” significa prestar a Temer os mesmos serviços do colega.

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