DEMOCRACIA SITIADA
Inocêncio Nóbrega (*)
A
decadência da ditadura militar iniciou-se em 1968, com o crescimento das forças
oposicionistas, nos seus vários segmentos, e das ruas ocupadas pelos
estudantes, seguidas da ocupação do restaurante Calabouço, no centro do Rio de
Janeiro. Para desobstruí-lo um capitão da PM matou o estudante Edson Luiz de
Lima Souto, que se tornou símbolo dos subsequentes protestos populares. O
principal deles a Passeata dos Cem Mil, configurando-se num desafio para o
governo dos generais.
Foi
o ano, também, da decisiva participação parlamentar, puxada pelo deputado Márcio
Moreira Alves, que pronunciou veemente discurso contra o cerceamento às
liberdades e o aviltamento da soberania nacional. Nele, chegou pregar
boicote ao desfile de Sete de Setembro, considerando que ali se forjava um
falso patriotismo. Sua fala provocou fúria do Planalto, o qual pediu sua
cassação, afinal rejeitada pela Câmara Federal. Oficializava-se o confronto. O
regime precisava rejuvenescer-se, com ações discricionárias, assumidas pelo
AI-5, editado em dezembro. O Congresso Nacional é fechado, ocasionando os
sombrios anos de chumbo.
Nessa
cronologia macabra o episódio do Riocentro, de 1981, planejado por radicais da
direita, materializado por dois militares os quais conduziam duas bombas, uma
delas detonada antes da hora no Pavilhão daquele edifício, onde se celebrava o
“Dia do Trabalhador”. A sorte não lhes foi favorável e a farsa descoberta, após
averiguar-se de que sua intenção de, atribuir o episódio a grupos de esquerda,
poderia recrudescer a repressão do governo. Não vingou e o tiro saiu pela
culatra.
Combalida, a democracia ainda tem
fôlego e só ressuscitada à custa da reação do Povo, que não se intimidou e foi
novamente às praças públicas, gritar por Diretas, Já! Lema que se renova agora,
em meio a protestos contra medidas que revogam direitos dos trabalhadores,
especialmente. Os acontecimentos de Brasília provocaram em Temer e seus aliados
a mesma ira da linha dura do passado ao infiltrarem, nas manifestações
pacíficas, elementos alheios à causa, destinados a desestabilizarem seus objetivos.
A estratégia, repetida, mais uma vez não funcionou. Michel Temer e aliados
preparam ambientes de intolerância, a fim de açodarem medidas contrárias aos
interesses da Nação, iludindo sua população. Insistem bater nessa tecla, porém
o povo resistirá. O restabelecimento, pleno, da democracia, só virá pelo
exemplo de dois saudosos personagens: de Leonel Brizola, pela sua coragem
cívica, e do marechal Teixeira Lott, vinda de sua integridade patriótica e
moral, demonstradas em semelhantes ocasiões de crises institucionais.
(*) - Inocêncio Nóbrega é Jornalista e Escritor (inocnf@gmail.com) Em 26/05/2017
(*) - Inocêncio Nóbrega é Jornalista e Escritor (inocnf@gmail.com) Em 26/05/2017
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