A multidão das diretas que a imprensa
finge não ver
O
governo Temer, como todos sabem, apodreceu. Pela primeira vez na História, o
Brasil tem um ocupante da presidência da República investigado por corrupção,
organização criminosa e obstrução judicial, pego em flagrante, numa ação
controlada da Polícia Federal.
Além
disso, segundo o Instituto Datafolha, 85% já queriam a realização de eleições
diretas, antes mesmo da divulgação dos grampos da JBS – o que indica que o
número atual deve ser próximo a 100%.
Portanto,
uma imprensa sintonizada com os anseios dos leitores teria total interesse em
acompanhar de perto o que aconteceu neste domingo no Rio de Janeiro. Numa
tarde fria e chuvosa em Copacabana, mais de 50 mil pessoas foram à praia para
soltar dois gritos presos na garganta: Fora Temer e Diretas já.
Nada
disso, porém, aconteceu. Assim como na ditadura militar, a imprensa brasileira,
que agora se associou ao golpe parlamentar de 2016, fingiu não ver a gigantesca
mobilização popular, que tende a continuar crescendo nos próximos dias.
O
silêncio da mídia foi tão vergonhoso, que gerou protestos nas redes sociais.
"Jornalismo? Milhares de pessoas numa grande manifestação em Copacabana
por Diretas Já e os portais ignoram literalmente", escreveu o jornalista
Florestan Fernandes Júnior.
Os
barões da mídia sabem que Michel Temer se tornou inviável, mas correm para
emplacar um presidente biônico. O motivo? Medo da volta de Luiz Inácio Lula da
Silva.
Do Rio de Janeiro, Brasil
247, em 29/05/2017, às 05h56
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