Emílio Odebrecht
inocenta Lula e cita reunião com FHC
O ex-presidente executivo e atual presidente do Conselho de
Administração da empreiteira Odebrecht, Emílio Odebrecht, foi ouvido novamente
hoje (12) pela Justiça Federal no Paraná a pedido da defesa do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. O empresário é testemunha de acusação em um dos
processos a que Lula responde no âmbito da Operação Lava Jato.
A sessão ocorreu por meio de videoconferência e durou pouco mais de seis
minutos. Apenas Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-presidente, fez
perguntas a Emílio Odebrecht.
O empresário disse que não se envolveu nos oito contratos firmados entre
a empreiteira e a Petrobras, que são citados na ação penal. Ele também disse
não saber se tais contratos estavam condicionados à aquisição de um imóvel para
o Instituto Lula.
Cristiano Martins, então, lembrou que Emílio Odebrecht afirmara, em
depoimento anterior, ter se encontrado com o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso para discutir o projeto Gás Brasil, que também incluía a Bolívia. O
advogado perguntou ao empresário se era comum que ele debatesse assuntos
relacionados a óleo e gás com presidentes da República. "Sem dúvida
nenhuma", respondeu.
Emílio Odebrecht também disse que conhece Gilberto Carvalho, que foi
titular da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo Lula, e
negou ter conhecimento se o Grupo Odebrecht contratou o escritório Baker
Mckenzie para buscar um acordo de leniência com autoridades estrangeiras.
O empresário voltou a ser ouvido nessa ação penal em razão de um recurso
impetrado pelos advogados de Lula. Eles alegaram que o Ministério Público
Federal (MPF) incluiu documentos ao processo sem tempo hábil para serem
verificados antes da oitiva do empresário.
O argumento foi acolhido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região
(TRF4).
Leia mais no texto de Fernando
Brito, editor do Tijolaço:
Dono da Odebrecht,
Emílio diz que não teve negócios com Lula
Nas centenas de textos que a imprensa publicou sobre os documentos da
Odebrecht, Lula é referido do o “o amigo do seu pai”, numa referência ao
relacionamento entre Emílio, dono da empreiteira que leva seu nome pai de seu
presidente, Marcelo, com Lula.
Aliás, Marcelo Odebrecht diz que tinha um mau relacionamento com o
ex-presidente: “O Lula nunca gostou de mim. Quem sempre tratou de tudo com ele
foram o meu pai e o Alexandrino (Alencar, diretor de relações institucionais)” disse
ele num depoimento à Procuradoria Geral da República.
Portanto, nada mais natural, se houvesse pedidos de Lula, estes fossem
feitos a Emílio Odebrecht ou dele fosse de conhecimento.
Hoje, na sua reinquirição de Sérgio Moro ao patriarca da empreiteira,
Emílio, na descrição insuspeita de O Globo, “negou
envolvimento em contratos firmados entre a Petrobras e Odebrecht que teriam sido
celebrados em troca de uma futura compra de um terreno para o Instituto Lula”.
O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, também perguntou se Emílio
manteve reuniões com outros ex-presidentes da República que antecederam Lula no
cargo. O empresário confirmou:
—
Desde a minha entrada na organização, praticamente todos ex-presidentes.
Discutia várias coisas de interesse nacional, aquilo que era importante para o
Brasil continuar crescendo – disse Emílio (…)
A outra pessoa que Marcelo Odebrecht disse ter relacionamento com Lula,
Alexandrino Alencar, no seu depoimento, dias atrás, também negou ter tratado
com o ex-presidente do tal terreno para o Instituto mas, ao contrário, havia
recebido a incumbência do próprio Marcelo, que também o informou que o valor
seria apropriado de uma suposta conta “Italiano”.
É de supor que, se Lula fosse pedir um terreno, o pediria àqueles com
quem tinha relacionamento mais próximo. E ambos dizem que não pediu nada a eles
e, muito menos, que fosse posto na conta de isso ou aquilo.
Como diz o ex-delegado federal Armando Coelho Neto, Lula está sendo
processado pelo crime do “IA”: Ia receber, ia ganhar, ia se apropriar. Se é que
ia, não foi.
Não foi, mas vai ser condenado por Sérgio Moro, Se não pelo triplex,
pelo sítio; se não pelo sítio, pelo prédio; se não pelo prédio, pelos caixotes.
Mas certamente por ser o favorito nas eleições de 2018, como convém a
processos que só tem de sólido o interesse político.
Publicado em Brasília,
Brasil 247, 12/06/2017, às 15h55
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