"O presidente
encolheu", anuncia a revista Veja neste fim de semana. Peça decisiva
na construção do golpe de 2016, que destruiu a economia e desmoralizou o Brasil
no mundo, a revista acaba de descobrir que Michel Temer é um anão moral na
presidência da República.
O motivo, claro, é o fato
inédito de, pela primeira vez na história, o Brasil ser comandado por um
personagem carimbado como corrupto pela própria Polícia Federal – e que também
será denunciado por organização criminosa e obstrução judicial pela
Procuradoria Geral da República.
"Com denúncias e acusações
em ritmo quase diário, Temer é hoje um presidente moralmente acossado,
politicamente fragilizado e administrativamente atordoado, pois despende mais
energia com a polícia do que com a política", aponta a reportagem de
Robson Bonin e Thiago Bronzatto.
Capa de Veja demonstra o
esgotamento do golpe e também a tragédia criada pelas própria elites
econômicas, ao apoiar a derrubada de uma presidente legítima e honesta e sua
substituição por Temer.
Abaixo, reportagem da Reuters sobre as denúncias que serão
apresentadas contra Temer:
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deverá oferecer ao Supremo
Tribunal Federal (STF) mais de uma denúncia criminal contra o presidente Michel
Temer a partir das delações premiadas de executivos da J&F, controladora da
JBS, disse à Reuters uma fonte que acompanha o caso.
A tendência é que Janot
apresente até terça-feira uma acusação contra Temer e o ex-deputado federal Rodrigo
Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial do presidente, por corrupção
passiva. Num segundo momento, ele denunciará Temer por outros crimes.
O ministro Edson Fachin, do
STF, deu prazo de cinco dias corridos a partir da quinta-feira para que o procurador-geral
decida denunciar Temer ou arquivar o caso contra o presidente. Enviou a Janot
cópia do inquérito que inclui o relatório parcial feito pela Polícia Federal
que aponta haver evidências de crime de corrupção passiva.
Segundo a fonte, o procurador-geral
deverá denunciar Temer primeiro por esse crime e, quando receber a conclusão
das demais investigações da PF --como o laudo que analisa a gravação da
conversa entre Joesley Batista, da JBS, e o presidente-- fazer nova acusação ao
STF.
Formalmente, Temer é alvo de
inquérito pelos crimes de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização
criminosa.
Essa decisão de Janot terá
impacto para a decisão que a Câmara vai tomar sobre se autoriza o Supremo a
julgar a denúncia contra o presidente ou não --conforme prevê a Constituição.
Se for mesmo mais de uma
denúncia, os deputados terão de fazer, em plenário, mais de uma votação sobre
se permitem ou não que os ministros do STF decidam se recebem a acusação contra
o presidente --se aceitá-la, ele vira réu e tem de ser afastado do cargo por
até 180 dias, período em que se espera que haverá o julgamento. Se isso não
ocorrer nesse período, ele retorna ao cargo.
Para a autorização ser
concedida, são necessários os votos de dois terços dos deputados --ao menos 342
dos 513 deputados.
Temer e aliados políticos já
têm trabalhado para barrar a autorização para o STF julgá-lo e garantem ter
mais de 200 votos contrários à autorização.
Por Ricardo Brito, de BRASÍLIA (Reuters), 24/06/2017. Publicado em Brasil 247, 24/06/2017
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