Para Fachin, STF só pode rever pontos da delação
ao fim das investigações
Ministro também defendeu a relatoria dele no inquérito sobre Temer
(Foto: André Coelho/Agência O Globo)
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal
Federal (STF), votou nesta quarta-feira pela manutenção de todos os pontos da
delação premiada feita pelos executivos da JBS — inclusive o benefício de não
serem alvo de denúncia no Judiciário — e defendeu que continue com a relatoria
do inquérito aberto para investigar o presidente Michel Temer e o ex-deputado
Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PA), suspeitos de terem cometido corrupção,
organização criminosa e obstrução de justiça.
Sobre a delação da JBS, o ministro explicou que,
como prevê a lei de delações premiadas, o STF e outras instâncias que conduzem
investigações decorrentes da delação poderão cancelar benefícios previstos no
acordo na fase da sentença. Isso pode acontecer se ficar comprovado que houve
quebra de alguma cláusula do acordo por parte dos delatores — como, por
exemplo, eventual mentira dita em depoimento.
Fachin ressaltou que cabe ao relator do processo
homologar sozinho o acordo de delação premiada. Na fase inicial, o relator
teria a tarefa apenas de verificar se há alguma ilegalidade patente e se foram
respeitados direitos fundamentais do colaborador. Os termos do acordo poderiam
ser revistos apenas ao fim das investigações, quando o plenário do STF poderá
analisar a eficácia da delação.
— É no julgamento de mérito, por lei, que o
Judiciário poderá analisar a extensão da delação e por consequência o benefício
respectivo. A legislação permite ao Judiciário, após a conclusão, avaliar se os
termos da delação foram cumpridos e eficácia. Nesta corte, então, a última
palavra será sempre do plenário — disse Fachin.
Foi do relator o primeiro voto sobre o assunto.
Estão sob a análise da corte recursos que questionam se o plenário pode rever
pontos específicos das colaborações premiadas dos donos da JBS.
Também é analisado se o ministro Edson Fachin,
relator da Lava-Jato, vai continuar conduzindo o inquérito aberto para
investigar o presidente Michel Temer e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures
(PMDB-PA), suspeitos de terem cometido corrupção, organização criminosa e
obstrução de justiça. Os questionamentos foram feitos pelo governador de Mato
Grosso do Sul, o tucano Reinando Azambuja, que foi alvo das delações.
Sobre a relatoria, Fachin explicou que, pela regra
interna da corte, a delação foi encaminhada a ele porque já era dele a
relatoria de outro processo sobre o mesmo assunto: a delação do
ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto, que também tratava de desvios no fundo
de investimento do FGTS. O mesmo tema foi tratado pelos executivos da JBS.
De Brasília, Carolina Brígido e André de Souza, da
Agência O Globo, em 21/06/2017,
às 17h25
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