Maior corte
da história exclui 41 mil do programa no Ceará
Maria Rosilene da Silva, 41, afirma que teve o benefício cancelado no mês passado.
Em todo o Brasil, 543 mil benefícios foram cortados em um mês pelo Governo Federal. Estado tem
cortes contínuos desde março
No Ceará,
41.691 famílias não contam mais com o benefício do programa Bolsa Família. O
corte, feito no mês de julho, acompanhou a redução de outros 501 mil
beneficiários em todo o País. É a maior redução de beneficiários da história do
Bolsa Família.
A camareira Rosângela da Silva, 43, que tem três filhos e recebia R$ 124 até junho
Todos os 184 municípios cearenses tiveram redução
A queda contínua
do total de famílias cearenses atendidas pelo programa acontece desde março,
somando quase 70 mil benefícios. O número atual de beneficiários no Estado,
965.342, é o menor da década, pela primeira vez no período abaixo de um milhão.
Fortaleza
registrou o maior corte, de 12.252 famílias, seguida por Caucaia (2.260),
Maracanaú (926) e Maranguape (722). Todos os 184 municípios tiveram redução.
Sobre o assunto
O diretor institucional da Associação
dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Expedito José do Nascimento, conta
que soube do corte no início de julho. “Já começamos a prevenir alguns
municípios. Quando eles cortam é de forma geral. Estão usando a questão de
fazer um recadastramento e a partir daí, cortam”, explica.
Conforme
Expedito, as famílias só sabem que não fazem mais parte do programa quando vão
sacar o dinheiro. “Aí mandam ligar para a central do Bolsa Família e encaminham
para a Prefeitura”, conta. Ele acrescenta que os municípios não têm como
oferecer programas que possam suprir as necessidades das famílias. “No governo
anterior (de Dilma Rousseff) também houve corte, mas tinha muitos critérios”.
Para o
consultor econômico da Aprece, Irineu de Carvalho, o valor financeiro do corte
executado em julho, de R$ 6 milhões, não afeta economicamente o Estado, mas
impacta nas famílias. “No acumulado do período tem um peso diferente, afeta o
comércio, além da questão social”.
Impacto
O professor
do curso de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fábio Maia Sobral,
considera desastrosos os cortes. “Precisamos avaliar que estamos em uma época
de desemprego. E mesmo sobre os que estão empregados, o Ceará tem,
historicamente, um grande mercado informal”. O especialista destaca que, do
ponto de vista econômico, os cortes representam “o abandono das periferias e do
interior”. “O retorno da fome, da pobreza extrema, já foi sinalizado”.
Por nota, o
Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) afirmou que o corte ocorreu porque
as famílias não atendiam mais aos critérios de inserção do programa.
Principalmente em relação à renda per capita familiar.
(...) Conforme
o ministério, existem 551 famílias aguardando a concessão do benefício.
Com
informações de opovo,com.br, em 14/08/2017
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