Estudo aponta mais 4,1
milhões de brasileiros na faixa da pobreza
O percentual de pessoas pobres cresceu 22% no Brasil em 2015. Os dados
foram divulgados nesta quarta-feira (16), pelo site UOL. Os dados da pesquisa
foram publicados nessa segunda-feira (14) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), PNUD (Programa da Nações Unidas para o Desenvolvimento) e
Fundação João Pinheiro. Em 2014, o percentual de pobres era de 8,1% (menor
percentual histórico), saltando para 9,96% no ano seguinte.
“Os dados trazidos pelas PNADs (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio) mostram que houve redução na renda per capita da população
brasileira e ingresso de 4,1 milhões de pessoas na pobreza, sendo que, deste
total, 1,4 milhão de pessoas ingressaram na extrema pobreza”, aponta o
levantamento Radar IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) 2015.
Segundo a metodologia, são consideradas pessoas pobres aquelas que têm
renda per capita domiciliar inferior a 1/4 de um salário
mínimo. Ressalta-se que a referência usada pela pesquisa é o salário
mínimo vigente em 2010 (ano do último Censo), de R$ 510.
Ainda segundo o levantamento, a renda per capita caiu –de forma inédita
na década– entre 2014 e 2015, de R$ 803,36 para R$ 746,84, respectivamente.
Já o percentual de extremamente pobres (com renda per capita domiciliar
de até 70 reais) subiu de 3,01% para 3,63%. O aumento, porém, não foi o
primeiro da década –já havia ocorrido em 2013.
Em 2015 o país teve grande retração econômica, com queda de 3,8% no PIB
(Produto Interno Bruto) – a maior em 25 anos.
O Radar IDHM é um levantamento que atualiza o Atlas do Desenvolvimento
Humano no Brasil, produzido a cada dez anos, com base nas publicações dos
censos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). A cada ano,
porém, o radar faz uma atualização de dados com base na PNAD (Pesquisa Nacional
Por Amostra de Domicílio), também do IBGE.
Mudança de curva
Os dados revelam uma mudança de curva inédita desde o ano 2010. Segundo
a pesquisa, foi a primeira vez na década que houve um aumento do número de
pobres no Brasil. Entre 2000 e 2010, o percentual de pobres havia caído de
27,9% para 15,2%. Entre 2011 e 2014, houve queda também, ano a ano (ver
tabela abaixo).
Percentual de pobres:
2000: 27,9%
2010: 15,2%
2011: 12,41%
2012: 10,4%
2013: 9,9%
2014: 8,1%
2015: 9,96%
Fonte: Radar e Atlas do Desenvolvimento Humano
Segundo a pesquisa, a renda média de quem é pobre no país caiu, entre
2014 e o ano seguinte, de R$ 154 para R$ 150.
O número de pessoas vulneráveis à pobreza –com renda per capita de meio
salário mínimo– também apresentou alta em 2015, de 10%. Segundo o Radar, esse
índice saltou de 22,1% para 24,3%.
O dado também representa uma alta extraordinária na década. Entre 2000 e
2010, esse índice de vulneráveis havia caído de 48,4% da população para 32,6%.
Essa queda continuou entre 2011 e 2014, quando atingiu o menor percentual da
série: 22,1% da população.
Resultado “esperado”
Segundo o pesquisador do Ipea Marco Aurélio Costa, não há surpresa nos
dados. “Era esperado pela economia. O que acontece afeta mais na população
de renda mais baixa”, explica. “Se você fizer uma relação com o que
vinha acontecendo com dados de emprego e desemprego vai entender que era
esperado”, diz.
O IDHM faz a análise da condição social em três sub-índices:
longevidade, educação e renda. Nos dois primeiros, ao contrário do item
rendimento, o país seguiu melhorando seus índices em 2015.
Segundo o pesquisador, os dados ruins da renda nacional fizeram com que
o país estagnasse um avanço social de anos.
“O ano de 2015 foi o primeiro ano em que o IDHM se manteve estagnado na
década. A longevidade continuou avançando no mesmo ritmo que nos anos
anteriores. No caso da educação houve uma desaceleração, mas houve avanços,
mesmo que menores do que nos dois anos anteriores. A renda abaixo é que segurou
o IDHM”, afirma.
Com informações do site UOL, em 16/08/2017, às 07h55
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