Apoio ao impeachment tirou chances de
Marina em 2018, diz fundador da Rede
Um dos fundadores e ex-membro da Rede Sustentabilidade, o cientista
político e antropólogo Luiz Eduardo Soares disse que a ex-senadora Marina
Silva, principal liderança do partido, "queimou caravelas" e perdeu a
chance de disputar a Presidência da República na posição de favorita após
apoiar o impeachment que tirou Dilma Rousseff do poder no ano passado.
"Quando ela assumiu essa posição, extremamente irresponsável do
ponto de vista da democracia, acho que ela queimou as caravelas relativamente
ao campo das esquerdas. Não só do PT, das esquerdas", avaliou. "Isso
circunscreve o seu potencial eleitoral e político", completou Soares em
entrevista à BBC Brasil.
Ele conta que sua "divergência com a Marina teve a ver com seu
apoio ao impeachment". "Ela tinha sempre se manifestado contrária. O
[deputado federal Alessandro] Molon entrou para o partido depois que ela se
comprometeu a ser contrária. E uma semana antes da votação, ela se pronunciou a
favor do impeachment, sem nos consultar", relatou.
"Ser a favor do impeachment significava entregar o país ao núcleo
mais perigoso da política nacional, o PMDB. Quando ela assumiu essa posição,
extremamente irresponsável do ponto de vista da democracia, acho que queimou as
caravelas relativamente ao campo das esquerdas. Não só do PT, das
esquerdas", avaliou. Para ele, "retirar a Dilma para levar o
representante do PMDB para o poder em nome da ética é despudoradamente hipócrita".
"Ela hoje teria todas as condições de ser favorita nas eleições de
2018 se tivesse se mantido contra o impeachment. Poderia unificar o campo das
esquerdas com um discurso palatável, capaz de suscitar respeito entre eleitores
do centro, e a população evangélica também se reconheceria nela. Ela viria com
um potencial eleitoral muito grande", destacou.
"Ela deixou de ser espontânea e genuína. Essa era a sua marca.
Passou a estar sempre numa posição ambígua, com poucas definições claras, e a
jogar o jogo mais tradicional. Mas sem dúvida é uma candidatura forte
potencialmente", completou Soares.
Ele destaca que para 2018, "Lula é um forte candidato, porque para
a maioria da população fez o melhor governo que experimentaram. E de fato os
resultados foram notáveis, superiores aos governos anteriores em termos de
crescimento e de redução de desigualdades. Ele saiu com 85% de aprovação
popular. Isso é um patrimônio extraordinário, que está sendo erodido pelas
denúncias constantes da mídia".
De Brasília, Brasil 247, 15/08/2017, às 13h35
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