MPF denuncia
ex-ministro Geddel Vieira Lima por obstrução de Justiça
Geddel Vieira
Lima cumpre prisão domiciliar em Salvador
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
O Ministério Público Federal (MPF) apresentou hoje
(16) uma denúncia contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), acusado de
obstrução de Justiça por tentar atrapalhar as investigações das operações Cui
Bono e Sépsis.
Segundo os procuradores responsáveis pelo caso,
Geddel atuou para constranger o operador financeiro Lúcio Funaro, que negocia
acordo de delação premiada com o MPF, a não colaborar com as investigações.
“Seu modo de embaraçar a investigação se deu por meio
do contato de Raquel Alberjante Pitta, esposa de Lúcio Funaro, com quem Geddel
Quadros Vieira Lima nunca tivera maiores proximidades”, escreveram os
procuradores responsáveis pelo caso na denúncia.
Com base em depoimentos da esposa de Funaro, os
procuradores escreveram que, por meio de ligações pretensamente amigáveis,
Geddel “intimidava indiretamente o custodiado, na tentativa de impedir ou, ao
menos, retardar a colaboração de Lúcio Funaro com os órgãos investigativos
(Ministério Público Federal e Polícia Federal)”.
Funaro encontra-se preso há mais de um ano e é
testemunha-chave em processos que envolvem o deputado cassado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), além de ex-ministros do governo do presidente Michel Temer, como
Henrique Eduardo Alves (Turismo) e o próprio Geddel Vieira Lima (Secretaria de
Governo).
A Operação Sépsis apura irregularidades no Fundo de
Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), administrado
pela Caixa. A Cui Bono investiga a fraude em operações financeiras autorizadas pela
vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias e pela vice-presidência de
Pessoa Jurídica da Caixa.
Os procuradores pedem que Geddel seja condenado por
embaraçar investigação sobre organização criminosa, crime com pena de três a
oito anos de prisão, mais multa. A defesa do ex-ministro afirma que ele é
inocente, alegando “ausência de relevantes informações” para basear a acusação.
Atualmente Geddel cumpre prisão domiciliar, em
Salvador. Ele havia sido preso preventivamente no
dia 3 de julho, por determinação do juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara
Federal, no Distrito Federal, justamente sob a acusação de tentar obstruir as
investigações.
Improbidade administrativa
O MPF informou ter protocolado também uma ação
civil pública por improbidade administrativa contra Geddel Vieira Lima, em
decorrência do caso em que ele teria pressionado o então ministro da Cultura,
Marcelo Calero, para que atuasse junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan) pela liberação da construção de um edifício de alto
padrão em uma região histórica de Salvador.
O caso foi revelado após a demissão de Calero.
Pouco depois, foi descoberto que Geddel possuía um imóvel no empreendimento. O
político baiano acabou também deixando o governo no mesmo episódio.
Além do pagamento de multa, a ser estabelecida pelo
juiz, se for condenado Geddel pode perder os direitos políticos por até cinco
anos. À época dos fatos, Geddel assumiu ter atuado pela liberação da obra em
Salvador, mas disse ter sido mal interpretado, não vendo conflito de interesse
na situação.
De Brasília, Felipe Pontes -
Repórter da Agência Brasil, 16/08/2017, às 16h32
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