O preço do impeachment e o valor do STF
Por Jeferson
Miola (*)
Lúcio Funaro adicionou novas
informações sobre o preço que Cunha, Temer, Padilha, Geddel e outros golpistas
peemedebistas e tucanos pagaram para a aprovação do impeachment fraudulento.
O operador da organização
criminosa revelou que Eduardo Cunha lhe pediu R$ 1 milhão para comprar o voto
de alguns deputados a favor da fraude, quando o processo já tramitava na
Câmara.
Além deste valor, e antes
disso, outras dezenas de milhões de dólares foram investidas na conspiração que
derrubou a Presidente Dilma – sabe-se hoje, uma cifra bastante superior àquela
"sobra"/"troco" de R$ 51 milhões guardados num apartamento
pelo ex-ministro Geddel:
- na eleição de 2014, boa
quantia de dinheiro arrecadado [legalmente, via caixa 2 ou propina] pelo banco
de corrupção de políticos foi apostado na compra da eleição de uma numerosa
bancada anti-Dilma na Câmara.
- outra montanha de dinheiro
foi investida na compra dos votos de deputados para elegerem Eduardo Cunha à
presidência da Câmara – passo que se demonstrou essencial na evolução da trama
conspirativa e no funcionamento da engrenagem golpista.
Qualquer que seja o ângulo de
observação da realidade chega-se à conclusão que o impeachment foi uma das mais
burlescas farsas políticas da história do Brasil: [1] faltou-lhe fundamentação
fática, legal e constitucional; porque não existiu e nunca foi demonstrado
crime de responsabilidade, e [2] a maioria composta por 367 deputados que
aprovaram a farsa em 17 de abril de 2016 foi comprada.
É notório que o impeachment só
prosperou porque a Suprema Corte foi condescendente com esta farsa – ou
cúmplice, na visão de alguns analistas.
Sobraram motivos, alegações e
pedidos para que o STF interrompesse aquela violência perpetrada contra o Estado
de Direito, porém os 11 juízes simplesmente lavaram as mãos, permitindo que o
mandato conferido a Dilma por 54.501.318 votos fosse usurpado pela cleptocracia
que tomou de assalto o poder.
Com obscurantismo jurídico, o
STF se recusou a analisar o mérito do impeachment; optou por não se pronunciar
quanto à absoluta inexistência de fundamentos jurídicos para o pedido acolhido
pelo então presidente da Câmara em dissonância com a Constituição e as Leis do
país.
Hoje sobram razões para se
anular o golpe de 2016. Ao que tudo indica, todavia, mesmo com o robustecimento
das provas, evidências e indícios da compra da maioria parlamentar que aprovou
a fraude do impeachment, a Suprema Corte continuará onde sempre esteve:
condescendente – ou cúmplice – com o golpe.
O preço do impeachment é
conhecido, assim como é sabido o valor desprezível do STF na preservação da
democracia e do Estado de Direito.
O sistema político-jurídico
está inteiramente apodrecido. Além de eleições limpas para restaurar a
democracia, é urgente uma Assembléia Nacional Constituinte com prioridade nas
reformas política, tributária, do judiciário e para a democratização da
comunicação e da informação pública.
(*)
– Jeferson Miola é Integrante do Instituto de
Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi
coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial. Art. Publicado em
Brasil 247 em 17/10/2017
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