Esta foi a semana gorda da impunidade
Por Tereza Cruvinel (*)
Estamos na
semana gorda da impunidade para os que estão no poder. O “Projeto Jucá”,
o grande acordo, “com Supremo e tudo”, está consolidado. A sangria
foi estancada, no que diz respeito aos que participaram do golpe de 2016, que
foi o primeiro passo para conter a marcha da Lava Jato contra os políticos.
O Senado derrubou medidas punitivas contra Aécio, com aval do
STF, e agora livrará a cara de qualquer outro senador alcançado por medidas
cautelares. A Câmara fará o mesmo se algum deputado for alcançado.
E para demonstrar que o acordão vingou, não se passaram 48 horas
para que a CCJ da Câmara rejeitasse a segunda denúncia de Rodrigo Janot
contra Temer, Moreira Franco e Eliseu Padilha. Malas de dinheiro,
gravações, evidências de propinas e de funcionamento de organização
criminosa, nada disso tem valor, quando se trata dos homens do golpe. A
Lava Jato agora será uma operação destinada a punir apenas ilícitos cometidos
por quem não tem foro privilegiado.
Escaparam
todos e devem estar celebrando mas os eleitores, que há algum tempo
emudeceram, estão observando e tudo compreendendo. A conta virá no ano
que vem, para os que forem disputar eleição. Não é o caso de Temer, que
não ganharia eleição nem para síndico de prédio. O acerto de contas dele será
com a Justiça, numa vara de primeira instância de São Paulo ou de Brasília,
pois já não terá o foro do STF.
A não ser que a maioria do
plenário tivesse na semana que vem um ataque de lucidez e responsabilidade
cívica, votando pelo afastamento de Temer, que já não governa,
apenas faz uso da Presidência para se manter no cargo, fora do alcance da
Justiça. Mas nada nos recomenda a esperar esta surpresa de uma Câmara
onde a maioria vende o voto e os investigados agora sabem que serão
protegidos pelo espírito de corpo contra qualquer ameaça ou imposição vinda
do Judiciário. Estão todos salvos. O golpe vence de novo e a Lava Jato
tornou-se um entretenimento de Sergio Moro contra Lula e outros que não fazem
parte da congresso golpista.
(*) - Tereza Cruvinel é uma das mais acreditadas jornalistas políticas do País. Publicado em Brasil 247, 19/10/2017
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