Temer e
ministros têm lista de 25 ‘pendências’ de deputados
Auxiliares dizem que Temer
terá entre 250 e 270 votos pela derrubada da denúncia
(Foto: Givaldo Barbosa/
Agência O Globo 10-05-2017)
A dois dias da votação pela Câmara dos Deputados da
segunda denúncia contra o presidente Michel Temer e dois de seus
ministros, apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o
Palácio do Planalto precisa ainda resolver uma lista de 25 “pendências”,
que vão de liberação de emendas parlamentares a cargos para integrantes da
própria base. Parte da fatura se refere a promessas antigas, desde a época em
que Temer era interino e que agora estão sendo cobradas, disse um interlocutor.
Os atos vão influenciar a contagem de votos com a qual auxiliares de Temer
trabalham — entre 250 e 270 favoráveis à derrubada da denúncia. A primeira
acusação foi engavetada por 263 votos.
O Planalto tem que controlar, ainda, a crise no PSDB, que está rachado
entre governistas e independentes, em função da cobrança pela renúncia do
senador Aécio Neves (MG) da presidência do partido. Ele está licenciado e o
interino, Tasso Jeiressati (CE), cobra sua saída definitiva.
(Merchandising)
Essa queda de
braço pode refletir na votação de quarta-feira. O líder da maioria da Câmara
dos Deputados, Lelo Coimbra (PMDB-ES), disse que o presidente Temer está
tranquilo, mas admitiu que há muita “inquietação” na base.
— Dependendo da forma como as pendências sejam resolvidas, o placar
ficará mais próximo de 250 votos ou 270 votos — disse Lelo
Temer é acusado de obstrução à Justiça e organização criminosa. As
negociações para barrar a acusação da PGR estão sendo conduzidas diretamente
por Temer, que pediu auxílio ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que
também é denunciado. Além dos dois, o ministro Moreira Franco
(Secretaria-Geral) também foi denunciado. Temer assumiu a coordenação porque os
partidos da base, sobretudo do centrão (que reúne PP, PSD, PR, PTB e SD), se
recusaram a discutir com Antonio Imbassahy, ministro da Secretaria de Governo,
que encontra também problemas dentro do seu partido, o PSDB.
Imbassahy pode ir para o PMDB
Os preparativos para a votação ganharão força hoje, quando Temer
receberá, no Palácio da Alvorada, líderes governistas e parlamentares da base.
Ontem, o presidente recebeu Padilha, Imbassahy e o ministro Moreira Franco,
além de líderes para definir as estratégias e buscar a rejeição da denúncia
feita pela Procuradoria-Geral da República. O ministro do Planejamento, Dyogo
Oliveira, também participou do encontro.
Imbassaby está afastado do corpo a corpo com os parlamentares, mas
continua no cargo porque Temer gosta dele. No PSDB, a situação do ministro está
também cada vez mais complicada. Segundo um interlocutor, ele já está com “o pé
fora do partido”. Imbassahy pretende disputar uma cadeira no Senado nas
eleições de 2018, o que quer também o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA) e não há
espaço para os dois na legenda.
Uma solução aventada por interlocutores do ministro é Imbassahy trocar o
PSDB pelo PMDB, partido de Temer, para disputar o Senado. Assim, ele ocuparia
um vácuo político no PMDB da Bahia deixado pelos irmãos Geddel Vieira Lima e
Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), investigados em desdobramentos da Operação
Lava-Jato. Geddel está preso e Lúcio foi alvo de operação policial semana
passada. Imbassahy não tem comentado o assunto.
De Brasília, Geralda Doca, Patricia
Cagni e Manoel Ventura, repórteres de O Globo, 23/10/2017, às 07h47
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