Primeiro mês da quadra chuvosa, fevereiro encerra hoje com chuvas 30,1%
acima da média do observado no período. Ao longo do mês, a média pluviométrica
do Ceará chegou a 154.3 milímetros (mm). As boas chuvas, influenciadas pela La
Niña e por temperaturas altas do Oceano Atlântico, contribuíram para o registro
de aporte em 119 reservatórios dos 155 monitorados pela Companhia de Gestão de
Recursos Hídricos (Cogerh). No entanto, grandes açudes como Castanhão, Orós e
Banabuiú têm volume estabilizado, mas sem aportes significativos.
Sobre o assunto
Isso acontece porque, de acordo com o meteorologista Raul Fritz,
supervisor da Unidade de Tempo e Clima da Fundação Cearense de Meteorologia e
Recursos Hídricos (Funceme), as primeiras chuvas servem para encher a pequena
açudagem, encharcar e saturar o solo e preparar o terreno para aportes maiores
em caso de continuidade de chuvas. “Temos expectativas de que com as
condições atmosféricas e oceânicas favoráveis (com aprofundamento da La Niña e
esquentamento do Oceano Atlântico em áreas próximas ao Nordeste Brasileiro,
março deve ser o mês com o maior índice pluviométrico do ano”, projeta. A
importância disso, conforme o meteorologista, é que a continuidade das chuvas
faz com que as condições de umidade, evaporação e solo sejam mais favoráveis a
recargas positivas em grandes reservatórios.
Ao todo, em fevereiro as chuvas representaram uma entrada de água nos
açudes da ordem de 222,03 milhões de metro cúbicos (m³). Atualmente com 2,22%
do volume, o Castanhão, maior açude público do Brasil para múltiplos usos, tem
ensaiado uma recuperação, conforme o presidente da Cogerh, João Lúcio Farias.
Em cinco dias, o açude passou de 2,08%, no dia 22 de fevereiro para 2,22% nos
registros de ontem, 27.
Em milhões de metros cúbicos, o volume passou de 139,52 para 148,69 -
uma recarga de 9,17 milhões de m³. Com o aporte, o açude voltou a cota 66
(atualmente na 66,07). Para a Cogerh, o entendimento é que o reservatório
atinge o volume morto na cota 65. Ainda assim, o volume atual é menor do que o
do dia primeiro de janeiro, que era de 2,65%.
O aporte do Castanhão é o maior registrado no estado nos últimos sete
dias. Mesmo pequeno, é considerado “importante, mas ainda pouco para magnitude
do Castanhão”. “O rio Salgado pega grande parte da área de influência do
Castanhão. E ali tem chovido bem.
Neste momento, o Salgado tem corrido e o Castanhão
começou a pegar água, de forma lenta, mas é importante, e a expectativa é que
no mês de março seja mais intenso”, acredita Farias.
Também nos último cinco dias, o Orós oscila entre 5,8% e 5,82% de seu
volume. Com baixas e leves aumentos, o aporte foi de 400 mil m³ de água,
passando da cota 180,02 para a 180,05. Ali, conforme Farias, a influência é do
Rio Cariús que também começa a escorrer e poderá em março intensificar o aporte
no açude, o segundo maior do Ceará. No açude Banabuiú, com apenas 0,45%, o
problema está no grande número de reservatórios no entorno que pegam água antes
que o Banabuiú consiga se reabastecer. 222
milhões de m³ de água foram acumulados, em fevereiro, nos
açudes 2,22% é o atual volume
do Castanhão. Em 1º de janeiro deste ano, o volume era 2,65%.
Por Domitila
Andrade, em O Povo, 28/02/2018