BC reduz taxa Selic para 6,75% ao ano
Pela 11ª vez seguida, o Banco
Central (BC) baixou os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de
Política Monetária (Copom) reduziu hoje (7) a taxa Selic em 0,25 ponto
percentual, de 7% ao ano para 6,75% ao ano. A decisão era esperada pelos analistas
financeiros.
Com a redução de hoje, a Selic continua no menor nível desde o início da
série histórica do Banco Central, em 1986. De outubro de 2012 a abril de 2013,
a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até
alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a
reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 7% ao ano em
dezembro do ano passado, o nível mais baixo até então.
Em nota, o Copom indicou que parará de cortar os juros na próxima reunião,
no fim de março, caso as condições econômicas não mudem. O BC, no entanto,
informou que a Selic poderá ser reduzida novamente caso o Congresso aprove as
reformas estruturais, e a economia continue a crescer, com inflação sob controle
e sem choques internacionais.
"Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme
esperado, o comitê vê, neste momento, como mais adequada a interrupção do
processo de flexibilização monetária. Essa visão para a próxima reunião pode se
alterar e levar a uma flexibilização monetária moderada adicional, caso haja
mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos", destaca o
comunicado do Copom.
Apesar do corte de hoje, o Banco Central está afrouxando menos a política
monetária. De abril a setembro, o Copom havia reduzido a Selic em 1 ponto
percentual. O ritmo de corte caiu para 0,75 ponto em outubro, 0,5 ponto em
dezembro e 0,25 ponto na reunião de hoje.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob
controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o IPCA fechou 2017 em 2,95%, levemente abaixo do piso da
meta de inflação, que é de 3%. O IPCA de janeiro será divulgado amanhã (8).
Até 2016, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelecia meta de inflação
de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos, podendo chegar a 6,5%. Para 2017
e 2018, o CMN reduziu a margem de tolerância para 1,5 ponto percentual. A
inflação, portanto, não poderá superar 6% neste ano nem ficar abaixo de 3%.
Inflação
No Relatório de Inflação, divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central,
a autoridade monetária estima que o IPCA encerrará 2018 em 4,2%. De acordo com
o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo
BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,94%, mesmo com os aumentos
recentes nos preços dos combustíveis.
Até agosto de 2016, o impacto de preços administrados, como a elevação de
tarifas públicas; e o de alimentos como feijão e leite contribuiu para a
manutenção dos índices de preços em níveis altos. Do fim de 2016 ao fim de
2017, no entanto, a inflação começou a cair por causa da recessão econômica, da
queda do dólar e da supersafra de alimentos. Nos últimos meses, no entanto, os
índices voltaram a subir por causa dos sucessivos reajustes dos combustíveis e
do fim da queda no preços dos alimentos.
Crédito mais barato
A redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores barateiam
o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade
econômica. Segundo o boletim Focus, os analistas econômicos projetam
crescimento de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços
produzidos pelo país) em 2018. A estimativa está superior à do último Relatório
de Inflação, divulgado em dezembro, no qual o BC projetava expansão da economia
de 2,6% este ano.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no
Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as
demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central
segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos
encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o
Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o
controle da inflação.
De Brasília, Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil, 07/02/2018, às 18h10
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