Se houver justiça, a campeã será a
Paraíso do Tuiuti
Eu tive a pachorra de assistir
a trechos de todas as escolas que desfilaram nos dois dias do sambódromo do
Rio, principalmente o samba-enredo, que é a espinha dorsal do desfile - é ele
que determina a vitória ou a derrota – e não tenho dúvida que a Tuiuti fez o
melhor carnaval disparado.
Não falo apenas do acerto na
escolha do enredo, que não se limitou à escravidão no período encerrado com a
Lei Áurea, mas à sua persistência ainda hoje na sociedade brasileira e à
crítica aguda à política trabalhista de Temer e sua criminosa reforma da
Previdência.
Não falo que foi a melhor
apenas por ter cravado o símbolo do carnaval 2018 – Temer vampiro. Imbatível.
Estou falando do desfile em
si, estou falando do bom gosto das fantasias, dos adereços, falo da energia do
samba, sua poesia e ritmo perfeitos, falo dos carros alegóricos, do conjunto,
dos passistas, da bateria, dos cantores.
No geral, o desfile das
escolas é monótono, arrastado, repetitivo – uma hora e meia com o mesmo fundo
musical – mas a Tuiuti terminou e deixou gosto de quero mais.
A Tuiuti não arrebatou só a
mim e à plateia do sambódromo superlotado. Arrebatou a todos. Basta ver as
visualizações de seu desfile no youtube. As das outras escolas estão em dezenas
de milhares, as da Tuiuti em centenas de milhares, sempre de três a cinco vezes
mais.
A Batalha do Tuiuti, a mais
sangrenta da guerra do Paraguai, terminou com a vitória do Brasil. Se houver justiça, a batalha
do sambódromo deverá terminar com a vitória da Tuiuti.
A opinião é do escritor e cronista Alex Solnik, em 14/02/2017
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