Planalto antecipa reforço e agentes
começam a atuar hoje no Estado
Prevista
para chegar ao Estado apenas em março, força-tarefa de 36 agentes da Polícia
Federal e da Força Nacional embarcou na noite de ontem para o Ceará. O envio do
grupo, que reforça a partir de hoje ações de inteligência no combate ao tráfico
de drogas e armas, acabou antecipado após a execução de dois líderes da facção
PCC em Aquiraz.
Segundo o
Ministério da Justiça, o reforço é composto por 26 agentes da Polícia Federal e
10 da Força Nacional de Segurança, comandados pelo almirante Alexandre Araújo
Mota, secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Segurança Pública. O aporte
era prometido desde 30 de janeiro, três dias após chacina das Cajazeiras deixar
14 mortos na periferia de Fortaleza.
Responsável
por articular o envio junto ao Palácio do Planalto, o presidente do Senado,
Eunício Oliveira (MDB), nega que a antecipação do envio tenha relação com a
morte dos líderes do PCC.
Segundo
ele, o adiantamento do reforço foi decidido em reunião entre ele e o presidente
Michel Temer na noite de sábado, horas antes de confirmada a morte dos
criminosos.
O senador
destaca ainda que reforço é “completamente diferente” do que ocorre no Rio de
Janeiro, onde foi decretada intervenção do Exército na área de segurança
pública. “Esse reforço daqui é de inteligência preventiva, para estruturar o
combate ao crime organizado. Não vai para as ruas, esse trabalho quem vai fazer
é a Polícia Militar, a Polícia Civil”, afirma.
Eunício
descarta ainda o envio de força semelhante à do Rio ao Ceará. “O Estado não
está no nível do Rio de Janeiro, nem tem a especificidade das favelas como
existe lá. Neste momento não cabe nenhum tipo de intervenção assim aqui”, diz.
Além do
reforço ao Ceará, o presidente também agendou para as 10h de hoje uma reunião
do Conselho da República. A ideia é apresentar o decreto de intervenção do Rio
de Janeiro ao grupo, criado em 1990 para deliberar sobre questões relevantes
para a estabilidade das instituições democráticas.
O conselho
é composto pelos presidentes da Câmara e do Senado, líderes da maioria e da
minoria no Congresso, o ministro da Justiça e seis cidadãos brasileiros
escolhidos pela Câmara, Senado e presidente.
Líder da
minoria na Câmara, o deputado José Guimarães (PT) diz que irá questionar a
intervenção “unilateral” planejada no Rio.
“Queremos
questionar as razões e as justificativas dessa intervenção, não podemos
permitir que seja uma peça de marketing político”, diz o petista.
“Se o
governo quer enfrentar a crise de segurança, deveria no mínimo chamar todos os
governadores e sugerir um pacto nacional contra a violência”, afirma. Apesar de
não precisar de aprovação do conselho, a decretação de ações como a intervenção
no Rio depende de conhecimento prévio do grupo.
De O Povo, edição impressa, Carlos Mazza,
19/02/2018
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