Multidão
pinta as ruas da Capital de vermelho, azul e branco para dar abraço e comemorar o inédito título do Fortaleza
Em meio ao barulho
ensurdecedor da multidão, a expressão de fé de seu Antônio Soares chamava
atenção. Depois de ficar por muito tempo agarrado à estátua de uma santa, o
aposentado ergueu a imagem, olhou aos céus e sussurrou sua mensagem de
gratidão. "Eu quero o maior bem do mundo ao Fortaleza, assim como sou
devoto de Nossa Senhora. Rezei pelo acesso, rezei pelo título e hoje vim para
agradecer pela graça e comemorar", disse o aposentado, um dos milhares de
torcedores que se aglomeraram ontem em frente ao aeroporto velho, no bairro
Vila União.
Há 413 dias, o mesmo lugar foi
palco da última grande festa pública tricolor nas ruas da cidade. Então, o Leão
celebrava o acesso para a Série B após oito anos de martírio na Terceirona.
A comemoração desta vez também
foi especial. O clima era de coroação pelo centenário. Passado menos de um mês
do aniversário de 100 anos do clube, o Fortaleza viveu duas grandes alegrias: o
acesso para a elite do Brasileirão e o título da Série B, confirmado no último
sábado, após vitória sobre o Avaí.
"Foram oito anos de
sofrimento na Série C. Agora estamos na Série A. É como dizem: 'Os humilhados
serão exaltados'. Não poderia ser melhor", afirmou Hosana Bezerra, que
tirou um dia de folga como motorista de aplicativo de transporte para celebrar
o título com jogadores, comissão técnica e diretoria da equipe, que vinham de
Florianópolis. Antes da chegada da delegação, por volta das 15 horas, houve
muito foguetório, som de paredões e cantos de exaltação ao clube, como "O
campeão voltou" e "Dá-lhe, dá-lhe tricolor".
Após o desembarque, a
delegação do Fortaleza partiu para uma carreata em carro aberto do Corpo de
Bombeiros. Outros dois trios elétricos acompanhavam o cortejo, que passou por
avenidas como Luciano Carneiro, Borges de Melo, Aguanambi, Antônio Sales, e
Beira-mar, o ponto de chegada da festa.
A multidão acompanhou o
percurso do jeito que dava. Centenas foram a pé, diante de um sol escaldante. A
maioria seguiu em motos e carros, com o tradicional buzinaço. "Todo
esforço pelo Fortaleza ainda é pouco, por tudo que esse clube significa e
representa pra mim. Foi a semana mais feliz da minha vida", disse eufórico
o torcedor Davi Souza.
Ao chegar à esquina em frente
ao espigão da avenida Rui Barbosa, o carro do Corpo de Bombeiros parou por
alguns minutos para saudar a torcida, no ponto alto da comemoração pela
conquista inédita. O atacante Gustavo, artilheiro do time na temporada, o
lateral-esquerdo Bruno Melo, prata da casa e autor de um dos gols do acesso, e
o técnico Rogério Ceni foram os mais festejados pela torcida, que aproveitou
estar frente a frente com o treinador para entoar o grito de "Fica,
Rogério" por diversas vezes, pedindo a permanência do comandante tricolor
em 2019.
Como tanto Ceni quanto os
atletas não deram entrevistas após o desembarque, o apelo da torcida segue sem
resposta. O treinador, no entanto, já garantira depois da partida contra o Avaí
que pensará no pedido com carinho.
Por Bruno Balacó, O Povo, edição impressa - Fortaleza (CE), 12/11/2018
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