Barbosa rebate críticas
de Lula sobre julgamento do mensalão
O presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), Joaquim Barbosa, divulgou nota oficial hoje (ontem, 28) para
rebater as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o
julgamento da Ação Penal 470, o processo do mensalão. Segundo Barbosa, a ação
penal foi conduzida de forma “absolutamente transparente”.
Em entrevista à Rádio e Televisão
de Portugal (RTP), veiculada no sábado (26), Lula disse que grande parte
do julgamento do processo foi política. “O tempo vai se encarregar de provar
que no mensalão você teve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão
jurídica. Tem companheiro do PT preso. Eu indiquei seis pessoas da Suprema
Corte que julgaram, acho que cada um cumpre com o seu papel. Eu acho que não
houve mensalão. Eu também não vou ficar discutindo as decisões da Suprema
Corte. Acho que esta história vai ser recontada, é apenas uma questão de tempo.
Essa história vai ser recontada para saber o que aconteceu, na verdade. Esse
processo foi um massacre que visava destruir o PT, e não conseguiram”, afirmou
Lula.
Na nota, o presidente do Supremo
classificou as declarações como “fato grave que merece o mais veemente
repúdio”. De acordo com Barbosa, o Tribunal conduziu o processo de forma
transparente, dando acesso à tramitação da ação aos advogados e à imprensa.
Além disso, Barbosa afirmou que a acusação e defesa tiveram mais de quatro
anos, desde o recebimento da denúncia, em 2007, para se manifestarem no
processo.
“O juízo de valor emitido pelo
ex-chefe de Estado não encontra qualquer respaldo na realidade e revela pura e
simplesmente sua dificuldade em compreender o extraordinário papel reservado a
um Judiciário independente em uma democracia verdadeiramente digna desse nome”,
disse Barbosa.
Barbosa também afirmou que o
resultado do julgamento foi baseado em provas testemunhais e perícias, feitas
por órgãos do Poder Executivo, chefiados pelo presidente da República, como
Banco Central, Banco do Brasil, Polícia Federal.
“Lamento profundamente que um
ex-presidente da República tenha escolhido um órgão da imprensa estrangeira
para questionar a lisura do trabalho realizado pelos membros da mais alta Corte
de Justiça do país. A desqualificação do Supremo Tribunal Federal, pilar
essencial da democracia brasileira, é um fato grave que merece o mais veemente
repúdio. Essa iniciativa emite um sinal de desesperança para o cidadão comum,
já indignado com a corrupção e a impunidade, e acuado pela violência. Os
cidadãos brasileiros clamam por justiça”, concluiu.
De Brasília, André
Richter - Agência Brasil - 28/04/2014 22h29, Atualizada em 29/04/2014
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