Chilenos, nos
perdoem. Parte dos nossos não sabe o que faz
Vaia ao Hino do Chile: a torcida brasileira que nos
envergonha para o mundo
O que
leva uma pessoa a vaiar o hino de outro país enquanto ele é executado em um
jogo de Copa do Mundo? Entendo que, em bando, os seres humanos não
raro ficam mais idiotas. Isso é facilmente comprovável, por exemplo,
por algumas torcidas organizadas que compensam suas frustrações cotidianas
e reafirmam identidades de forma tosca através da violência.
Contudo,
não são as torcidas organizadas que preenchem as arquibancadas dos estádios de
futebol nestes jogos da seleção (aliás, se fossem, ao menos empurrariam o time
o tempo inteiro ao invés de ficarem em silêncio, com cara de susto e medo,
diante de momentos tensos), mas grupos com maior poder aquisitivo, dado o preço
de boa parte dos ingressos.
Renda
pode até estar diretamente relacionada à obtenção de escolaridade de melhor
qualidade. Mas escolaridade definitivamente não está relacionada com educação.
Ou respeito. Ou bom senso. Ou caráter.
E
considerando que, provavelmente, muitos dos que vaiaram o hino do Chile quando
executado à capela foram os mesmos que, minutos depois, estavam cantando “sou
brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”, posso concluir que o sujeito é
guiado pela aversão do estrangeiro característica da xenofobia. Aversão
potencializada e exposta pela covarde sensação de segurança por ser
maioria e estar em casa.
Vaiar o
hino do adversário não é uma brincadeira. Muito menos uma catarse coletiva, uma
indignação contra a cantoria à capela do outro. Nem ajuda na partida. Pelo
contrário, mostra para o mundo que está assistindo pela TV que nós,
brasileiros, podemos ser tão preconceituosos quanto os preconceituosos que, não
raro, nos destratam no exterior simplesmente por sermos brasileiros.
Aos
vizinhos chilenos, portanto, peço que nos perdoem. Parte de nossos
conterrâneos não sabe o que faz.
Do blog de Leonardo Sakamoto, publicado em 29 de junho de
2014 às 9:16
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