Bancos e 'fundos abutres' estariam negociando
solução para calote da Argentina
NOVA YORK - Representantes de
bancos privados argentinos e os chamados “fundos abutres” estariam negociando
um acordo em Nova York. Segundo fontes próximas à transação, que pode ser
anunciada a qualquer momento, o negócio consistiria da compra de 100% da dívida
dos credores que não participaram da reestruturação da dívida em 2005 e 2010 e
entraram na Justiça americana para receber US$ 1,3 bilhão integralmente. Com
isso, o calote dado pela Argentina no fim da tarde desta quarta-feira seria
apenas efêmero.
Em entrevista coletiva no
Consulado da Argentina em Nova York – após uma reunião de seis horas que
terminou sem acordo, empurrando o país para o “default” –, o ministro da
Economia, Axel Kicillof, não negou a possibilidade de que haja uma resolução
costurada por bancos cujos executivos teriam desembarcado em Nova York pela
manhã:
— Não me estranha que isso possa
ocorrer. Não se pode descartar soluções entre terceiros, porque se gerou um
problema privado. (Para continuar lendo sobre esta notícia, clic abaixo em:)
Em nota divulgada à meia-noite
(1 hora de quinta-feira no Brasil), um porta-voz do fundo NML, que lidera os
credores em litígio, limitou-se a dizer que “durante o processo, o mediador
propôs numerosas soluções criativas, muitas delas aceitáveis para nós. A Argentina
se recusou a considerar qualquer uma delas, e em vez disso escolheu o default”.
A Argentina tinha até o fim desta
quarta-feira – passado um período de carência de 30 dias –para chegar a um
acordo com os “abutres” e evitar um novo calote. Com o fechamento dos mercados,
às 17h (horário local), venceu uma parcela dos juros dos títulos da dívida
reestruturada do país.
O governo argentino depositou o
montante – um total de US$ 832 milhões, sendo US$ 539 milhões no Bank of New
York Mellon – no fim de junho, mas o juiz de Nova York Thomas Griesa proibiu
que o Mellon fizesse o repasse. Decisão recente da Suprema Corte americana
determinou que o país não pode realizar esse pagamento sem depositar
simultaneamente o que deve aos “abutres”, credores que não aceitaram a
renegociação.
O governo Cristina Kirchner vinha
pedindo a suspensão da sentença, argumentando que ela estimularia novos
processos de outros credores – se isso acontecer, afirma, o valor a ser cobrado
poderia chegar a US$ 15 bilhões. O juiz Griesa negou os recursos, e em
audiência na semana passada ordenou que as duas partes negociem “continuamente”
até chegarem a um acordo. Os argentinos tiveram quatro encontos com Pollack
desde então. Kicillof participou de duas rodadas de conversas em Nova York, na
terça-feira – quando chegou no início da noite, direto da cúpula de presidentes
do Mercosul em Caracas – e na quarta-feira.
Na terça-feira, os credores da
dívida reestruturada em euro – que detêm, ao todo, 5,2 bilhões de euros em
exchange bonds – reforçaram a solicitação da Argentina, ao entrar com pedido
emergencial de suspensão da execução da sentença que vincula o pagamento do
passivo renegociado à quitação do devido aos “abutres”. Eles afirmam ainda
abrir mão da cláusula Rights Upon Future Offers (Rufo), que prevê que qualquer
oferta aos credores da dívida não reestruturada pode ser estendida aos demais e
é citada pela Argentina como o principal impedimento às negociações.
Fonte: O Globo (RJ)
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