Dilma surpreendeu
entrevistadores na “sabatina” do UOL
Por Eduardo Guimarães (*)
A “sabatina” do UOL a
que a presidente Dilma Rousseff se submeteu na tarde da última segunda-feira
(27 de julho) no Palácio da Alvorada confirmou expectativas no que diz respeito
ao ânimo dos entrevistadores, mas surpreendeu no que diz respeito ao da entrevistada.
Para inquirir a
presidente, foram escalados Ricardo Balthazar (Folha de SP), Josias de Souza
(UOL), Kennedy Alencar (SBT) e José Maria Trindade (Jovem Pan).
Não foi propriamente
uma sabatina. Foi, como era previsível, um debate. Os entrevistadores
encamparam o papel de oposição, como aliás já foi definido que deve ser pelas
entidades que congregam os donos da mídia.
Dizer quem venceu
aquele debate, é difícil. Mas, se alguém venceu, foi por pontos. Ninguém
nocauteou ninguém.
Os jornalistas
dispararam as críticas de sempre ao governo, mas tais críticas resvalaram em
uma muralha de argumentos da entrevistada, com muitos números e
contra-argumentos pouco conhecidos de um público acostumado a conhecer só o
lado midiático da história.
O mínimo que se pode
dizer é que se os jornalistas tinham argumentos mais fortes, guardaram só para
eles. Disseram, por exemplo, que muitos países já teriam saído da crise
financeira internacional, o que Dilma desmentiu. E ninguém soube dizer
que países já saíram da crise.
A presidente fez
comparação entre o pessimismo com a economia e o pessimismo com a organização
da Copa. Essa imagem foi fartamente usada por ela. Pode-se dizer que com
requintes de crueldade, pois relembrou, em detalhes, todas as previsões
catastrofistas que não se confirmaram. (Para continuar lendo esta matéria, clic abaixo, em:)
Com efeito, a
comparação é muito forte. Grande parte da sociedade se surpreendeu por não ter
ocorrido na Copa nada do que foi vaticinado pela mídia. Dizer que o mesmo está
acontecendo na economia pode até ser questionável, mas a chance de a tese colar
é muito alta.
Por que? Porque Dilma
citou, também, desastres econômicos vaticinados pela mídia que tampouco
ocorreram – alguns diriam que “ainda” não ocorreram, mas, até que ocorram, tudo
fica no campo da futurologia.
Como esse diálogo sobre
a Copa ocorreu logo no início da sabatina o restante dela ficou contaminado por
essa imagem, deixando o expectador isento com dúvidas sobre as previsões
catastrofistas tanto quanto sobre as previsões otimistas.
Outro aspecto
interessante da entrevista foi o uso da ironia. Se os entrevistadores usaram e
abusaram da estratégia, Dilma não fez por menos. Lembrou, por exemplo,
previsões furadas da mídia sobre racionamento de energia, que hoje está fora de
cogitação.
Claro que, para quem
apoia a presidente, o seu desempenho foi excelente, assim como foi desastroso
para quem a repudia. Mas, ao expor o fracasso de várias previsões da mídia,
Dilma conseguiu, no mínimo, plantar a semente da desconfiança em quem ainda não
tomou partido, que, no frigir dos ovos, é quem importa.
O que de novo a
sabatina de Dilma trouxe, então? Evidentemente que a disposição dela não só
para o debate, mas para partir para o ataque. Em vários momentos, chegou ao
impensável: deu a entender que os seus entrevistadores apóiam a oposição, sobretudo
o PSDB.
O grande fato político
que a sabatina da presidente pelo UOL revelou é o de que ela poderá tirar a
mídia para dançar na campanha eleitoral. O Blog garante aos leitores que
aqueles jornalistas, no mínimo, ficaram surpresos. E, provavelmente, ficaram
preocupados.
(*) Eduardo Guimarães é jornalista e blogueiro - Publicado no Blog da
Cidadania, em 29/07/2014 às 19h13
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