sábado, 30 de agosto de 2014

Opinião - Artigo

A imprensa que tenta cegar os incautos
Por Herculano Costa (*)
Ruy Barbosa, um dos nossos mais competentes jurisconsultos, escritor ilustre, político notável, poliglota exímio, era também um apaixonado jornalista. Crítico implacável do jornalismo tendencioso, Ruy escreveu várias obras exortando jornalistas brasileiros de sua época, para exercerem suas profissões com ética, seriedade, isenção de ânimos, etc, etc. Nesse sentido, “A imprensa e o dever da verdade”, foi a obra mais marcante de Ruy. Publicou também inúmeros e imensos artigos sobre o papel do jornalista ante os acontecimentos políticos do Brasil de seu tempo. Quem não admirou, do legado do “Águia de Haia”, a famosa frase: “A imprensa é a vista da Nação”? Noutra oportunidade o grande jurista cunhou também esta: “A imprensa é o quarto poder da República”. Segundo ele observou, à época, a Imprensa Livre estava no mesmo patamar dos Poderes Constituídos: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Ruy Barbosa, como se sabe, foi também político militante. Deputado provincial (hoje estadual), deputado geral (o mesmo que deputado federal nos dias de hoje) e por 31 anos exerceu  cargo de senador. Enquanto detentor de cargos públicos não contrariava o pensamento da imprensa, então do seu lado. Ruy, no entanto, por quatro vezes, lançou-se candidato a Presidente da República. Em duas ocasiões, retirou sua postulação (por conveniência de seus interesses – o que hoje a gente classifica como acordo político), para apoiar outros candidatos. Mais por duas vezes concorreu ao dito cargo de Presidente e,  nas duas vezes, foi derrotado: em 1910 por Hermes da Fonseca e em 1919, por Epitácio Pessoa.
Depois dessas malsucedidas disputas eleitorais, Ruy passou a manifestar sua decepção com a imprensa. Segundo ele, nas duas vezes em que concorreu à presidência, foi vítima das armações de uma imprensa imoral, mercenária e que apenas cumpria ordens dos políticos que estavam no poder. No seu discurso A IMPRENSA E O DEVER DA VERDADE, que depois transformou em livro, Ruy manifestou repulsa pela imprensa que ao seu ver  tinha se degradado e se unido aos Poderes Executivo e Legislativo, ao ponto de ser usada pelos políticos, para denegrir a sua honra, no firme propósito de impedir que ele chegasse ao Palácio do Catete. Segundo escreveu, a simbiose maléfica entre a Imprensa e os Poderes era tão grande que os jornais só publicavam o que o Presidente da República queria que fosse veiculado. Por diversas vezes o jornalista e senador Ruy Barbosa denunciou a imoralidade reinante nos primeiros anos da República. O poder dos jornais controlados pelos políticos era tão grande ao ponto de Ruy declarar  em tom de ironia que a imprensa havia se tornado o “Primeiro Poder da República”. (Quer continuar lendo este artigo? Clic abaixo, em:)
A imprensa, a qual Ruy Barbosa devotou toda a sua vida, havia se transformado num instrumento perigosíssimo, nas mãos de pessoas sem escrúpulos e sem moral. Ele mesmo se sentia injustiçado e vítima da imprensa, cuja moral, ética e seriedade tanto lutou para construir.
Agora, em relação à publicidade da época de Ruy, a imprensa, hoje, se avariou muito mais, ainda. Até pela velocidade e poder de alcance dos modernos meios, pelos quais a informação é descontroladamente veiculada. Ao invés de ser os olhos por onde se lhe exerce a vista, ou o cristal que lhe clareia a mente, passou a ser a obscuridade por onde  a verdade   se perde.
Atualmente, quase um século depois das declarações de Ruy, a publicidade persiste em percorrer os mesmos caminhos da imoralidade, da mentira, da enganação e do mercenarismo! A imprensa atual (com as raras e honrosas exceções que a regra permite) está mais corrompida e venal do que nos tempos de Ruy Barbosa,  disso não tenho dúvida alguma. Diariamente vemos uma imprensa corrupta e mentirosa fazendo de tudo para passar aos brasileiros que os governos do Partido dos Trabalhadores nada fizeram ou nada têm feito de bom nesses mais dez anos que administra o Brasil. A chamada Grande Imprensa, principalmente a Revista Veja, a Rede Globo e os jornais O Estado de São Paulo, O Globo e a Folha de São Paulo só divulgam as notícias que tenham como objetivo confundir a mente de telespectadores, leitores e ouvintes, que o Brasil está indo de mal a pior, como se nos últimos cinqüenta anos ou até mais, o Brasil tivesse estado melhor. São notícias truncadas, carregadas de mentiras ou de  inverdades, encobrindo verdades maiores (como os escândalos, a corrupção, a sonegação fiscal e as improbidades administrativas de toda a espécie, em outros partidos ou grupos econômicos para os quais trabalham). Querem tapar com panos pretos alguns holofotes que tentem focar na corrupção de seus patrões. A imprensa é os olhos da Nação? Não. A imprensa virou os olhos do Patrão!
Em 30/08/2014
(*) Herculano Costa é jornalista e escritor.

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