Copom eleva juros
básicos da economia pela primeira vez em seis meses
Pela primeira vez em seis meses,
o Banco Central (BC) alterou os juros básicos da economia. Por 5 votos a 3, o
Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa Selic para 11,25% ao
ano. A taxa está no maior nível desde novembro de 2011, quando estava em 11,5%
ao ano.
Votaram para a elevação da taxa
Selic o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e os diretores Aldo
Luiz Mendes (Política Monetária), Anthero Meirelles (Fiscalização), Carlos
Hamilton Vasconcelos (Política Econômica) e Sidnei Corrêa Marques (Organização
do Sistema Financeiro). Os diretores Altamir Lopes (Administração), Luiz Awazu
(Relações Internacionais) e Luiz Edson Feltrim (Relação Institucional e
Cidadania) votaram pela manutenção dos juros básicos.
Em comunicado, o Banco Central
informou que a elevação foi necessária para garantir um cenário “mais benigno”
para a inflação em 2015 e 2016. “Para o comitê, desde a última reunião, entre
outros fatores, a intensificação dos ajustes de preços relativos na economia
tornou o balanço de ruscos para a inflação menos favorável”, destacou a nota.
Desde dezembro de 2011, a taxa
passou a ser reduzida sucessivamente pelo Copom até atingir 7,25% ao ano em
outubro de 2012, o menor patamar da história. A Selic foi mantida nesse nível
até abril do ano passado, quando o Copom iniciou um novo ciclo de alta nos
juros básicos para conter a inflação. Desde abril de 2014, a taxa está em 11%
ao ano.
A taxa Selic é o principal
instrumento do BC para manter a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), dentro da meta estabelecida pela equipe
econômica. De acordo com o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de
inflação corresponde a 4,5% (centro da meta), com margem de tolerância de 2
pontos percentuais, podendo variar entre 2,5% (piso da meta) e 6,5% (teto da
meta).
Segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumulado em 12 meses estava em 6,75%
até setembro, acima do teto da meta. De acordo com o boletim Focus,
pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, o
IPCA deverá desacelerar nos próximos meses e encerrar 2014 em 6,45%.
Por outro lado, o aumento da taxa
Selic prejudica o reaquecimento da economia, que cresceu 2,5% no ano passado e
ainda está sob o efeito de estímulos do governo, como desonerações e crédito
barato. De acordo com o Focus, os analistas econômicos projetam
crescimento de apenas 0,27% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014.
Oficialmente, o governo prevê expansão de 0,9%.
A taxa é usada nas negociações de
títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve
como referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la, o
Banco Central contém o excesso de demanda, que se reflete no aumento de preços,
porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao
reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o
consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.
De Brasília, Wellton
Máximo – Repórter da Agência Brasil, em 29/10/2014, às 20h36
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