Estímulo monetário na
Europa ajudará o Brasil no médio prazo, dizem economistas
O estímulo monetário anunciado
hoje, 22, pelo Banco Central Europeu (BCE) terá reflexos positivos em
países emergentes como o Brasil, dizem economistas. A ajuda, no entanto, só
chegará no médio prazo, apenas quando os efeitos da injeção de dinheiro na zona
do euro se consolidarem e começarem a ser sentidos.
Até setembro de 2016, o BCE
injetará 60 bilhões de euros por mês nos países da União Europeia que adotam o
euro como moeda. No total, a ajuda chegará a 1,1 trilhão de euros em um ano e
nove meses. O BCE também decidiu manter os juros básicos em 0,05% ao ano, no
nível mais baixo da história, para combater a deflação.
O mecanismo da ajuda é semelhante
ao do Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano), que injetou US$ 3,7
trilhões entre 2008 e 2014 para ajudar a maior economia do planeta a se
recuperar da crise. Por meio do estímulo monetário, os bancos centrais emitem
dinheiro para comprar títulos públicos de instituições financeiras. A injeção
de dinheiro no mercado ajuda a manter os juros baixos e impulsiona os bancos a
emprestar mais, ampliando o consumo e o investimento.
Apesar de o objetivo da medida
ser a recuperação da economia europeia, o economista-chefe da consultoria
Austin Rating, Alex Agostini, diz que o Brasil e os demais países emergentes
serão beneficiados pelo estímulo monetário. Segundo ele, os primeiros efeitos
já podem ser sentidos no mercado financeiro.
“O estímulo monetário na zona do
euro vai proporcionar maior fluxo de capital disponível para os países
emergentes no mercado global, reduzindo o custo dos financiamentos e
facilitando a entrada de recursos no Brasil e em outros países emergentes”,
destaca Agostini. “O mercado cambial fornece um termômetro simples. O euro caiu
abaixo de R$ 3, e o dólar ficou abaixo de R$ 2,60 logo após o anúncio da medida”,
acrescenta. >Leia mais sobre este assunto, clicando abaixo, em:
Os efeitos na economia real dos
países emergentes, no entanto, levarão algum tempo para serem sentidos. Caso o
estímulo monetário dê certo, a recuperação dos países da zona do euro pode
estimular as exportações para o bloco econômico, melhorando o saldo comercial
do Brasil com a região.
Apesar das perspectivas
promissoras para o comércio exterior, Agostini alega que os efeitos vão demorar
um pouco. “A compra de títulos públicos é o início de um processo. Somente
quando houver efeito mais consistente do estímulo monetário na economia real da
União Europeia, eles vão consumir mais. Por enquanto, o anúncio do Banco
Central Europeu mexe mais com as perspectivas futuras de forma positiva”,
explica.
O professor Márcio Salviato,
coordenador do curso de economia do Ibmec, acredita que os efeitos sobre a
balança comercial serão limitados. Para ele, o efeito positivo se concentrará
nos setores da economia com maior abertura comercial com a União Europeia. “É
importante lembrar que a União Europeia está perdendo espaço nas exportações
brasileiras e não é um grande parceiro do Brasil. Os Estados Unidos e a Rússia
hoje têm perspectivas mais promissoras que a zona do euro em relação ao
comércio exterior”, declara
De Brasília, Wellton
Máximo - Repórter da Agência Brasil, 22/01/2015, às 17h04
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