Juiz decreta nova
prisão preventiva de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras
O juiz federal Sérgio Moro,
responsável pelas investigações da Operação Lava Jato, decretou, hoje (22),
nova prisão preventiva do ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor
Cerveró. Segundo o juiz, Cerveró deve continuar preso na carceragem da Polícia
Federal, em Curitiba, para evitar que ele continue em "atividade delitiva
específica” para ocultar seu patrimônio. Cerveró teve prisão preventiva
decretada pela primeira vez pelo juiz de plantão na Justiça Federal de Curitiba
e agora Moro confirmou a decisão.
Na decisão, o juiz afirma
que o ex-diretor continua praticando crimes de lavagem de dinheiro mesmo após a
deflagração da Lava Jato, no ano passado. De acordo com Moro, a transferência
de apartamentos para os filhos mostra que Cerveró tenta ocultar a origem dos
bens. O juiz cita um apartamento no Rio de Janeiro que está em nome de uma
empresa offshore (fora do país e sem identificação de proprietário), que
pertenceria ao ex-diretor.
“Outro fato relevante, em
apuração, diz respeito à ocupação por Nestor Cerveró, a título de
aluguel, entre 2010 a 2014, de imóvel avaliado em 7,5 milhões de reais, no Rio
de Janeiro, e pertencente à empresa Jolmey do Brasil Administradora de Bens,
empresa subsidiária da offshore Jolmey Sociedad Anônima, offshore uruguaia. O
imóvel em questão foi adquirido pela Jolmey em 03/04/2009, após o período dos
crimes imputados a Nestor Cerveró. Há indícios veementes de que a locação seria
simulada, pois a empresa em questão e a própria offshore pertenceriam de fato a
Cerveró”, diz o juiz.
Para justificar a manutenção da
prisão, Moro também afirmou que parte do patrimônio mantido em segredo, as
tentativas de se desfazer dos bens e dupla nacionalidade (brasileira e
espanhola) impedem que a prisão de Cerveró seja substituída por outras medidas. >Leia mais sobre esta matéria, clicando abaixo, em:
“Nesse contexto, a dissipação do
patrimônio pode ser valorada não só como tentativa de preservar seu patrimônio
em detrimento ao sequestro, mas também como passo preparatório de uma futura
fuga, deixando a Justiça criminal no pior dos mundos, sem o corpo e sem os bens
do acusado. Aqui não se trata de presunção de fuga, mas prognóstico de risco
baseado em fatos concretos, a dissipação e ocultação do patrimônio aliada à
dupla nacionalidade e a ocultação desta condição”, justificou.
Cerveró está preso na carceragem
da Polícia Federal em Curitiba, desde quarta-feira (14), por tentar ocultar seu
patrimônio. A prisão ocorreu no Aeroporto Internacional Antônio Carlos
Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, quando retornava de uma viagem à Espanha e à
Inglaterra, previamente comunicada ao Ministério Público do Rio de Janeiro.
De acordo com relatório do
Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), no dia 16 de dezembro,
Cerveró sacou R$ 500 mil de um fundo de previdência privada e transferiu o
valor para sua filha, mesmo tendo sido alertado pela gerente do banco de que
perderia 20% do valor. Em junho do ano passado, Cerveró havia transferido
imóveis para seus filhos, com valores abaixo dos de mercado. Na interpretação
do MPF, o ex-diretor tentou blindar seu patrimônio. Por isso, a prisão foi
requerida e decretada pelo juiz Sérgio Moro.
De Brasília, André
Richter - Repórter da Agência Brasil, 22/01/2015, às 19h26
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