domingo, 25 de janeiro de 2015

Política/Economia

Neoliberais teriam política ainda mais impiedosa contra assalariados
Apelar para a recessão no ajuste brasileiro seria a solução? Os rentistas provavelmente acharão que sim, pois ganham com a alta dos juros. Embora alguns critiquem o governo por essa opção, há quem veja hipocrisia na acusação de “estelionato eleitoral” levantada contra Dilma pelos neoliberais, visto que eles seriam defensores de uma política ainda mais impiedosa, de consequências ainda mais duras para os assalariados.
Na verdade, só a esquerda teria legitimidade para fazer essa acusação. Outra falácia seria afirmar que bastaria Dilma querer e teria apoio de sua maioria parlamentar para seu programa neodesenvolvimentista anterior. Ora, a estimativa é de que o próximo Congresso será ainda mais subserviente aos ditames do mercado financeiro do que o atual. Haveria lógica nisso: cerca de 70% dos parlamentares eleitos teriam tido a campanha financiada por apenas quatro grandes doadores.
Os descontentes com os novos rumos da economia acusam a banca internacional de tentar colocar o Brasil de joelhos e de incentivar seus aliados internos a exigir mais arrocho. Esse segmento aposta na mobilização dos movimentos da sociedade civil (sempre dentro dos marcos legais) em defesa da continuação dos avanços sociais. Calculam que a iniciativa abriria espaço para a presidente retomar o controle da situação, saindo da posição acuada em que se encontraria. Dão a impressão de acreditarem que se o PT e Dilma não reagirem, perderão a liderança da esquerda. O risco seria a possibilidade de retaliação por parte do sistema, como as que sempre desabam sobre governos progressistas. Mas, com o apoio da maioria da sociedade e o compromisso inquebrantável com as regras do jogo democrático, acreditam que esse perigo seria exorcizado.
Da Coluna Valdemar Menezes, publicada no O POVO, em 25/01/2015

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