Neoliberais teriam política
ainda mais impiedosa contra assalariados
Apelar para a recessão no ajuste
brasileiro seria a solução? Os rentistas provavelmente acharão que sim, pois
ganham com a alta dos juros. Embora alguns critiquem o governo por essa opção,
há quem veja hipocrisia na acusação de “estelionato eleitoral” levantada contra
Dilma pelos neoliberais, visto que eles seriam defensores de uma política ainda
mais impiedosa, de consequências ainda mais duras para os assalariados.
Na verdade, só a esquerda teria
legitimidade para fazer essa acusação. Outra falácia seria afirmar que bastaria
Dilma querer e teria apoio de sua maioria parlamentar para seu programa
neodesenvolvimentista anterior. Ora, a estimativa é de que o próximo Congresso
será ainda mais subserviente aos ditames do mercado financeiro do que o atual.
Haveria lógica nisso: cerca de 70% dos parlamentares eleitos teriam tido a
campanha financiada por apenas quatro grandes doadores.
Os descontentes com os novos
rumos da economia acusam a banca internacional de tentar colocar o Brasil de
joelhos e de incentivar seus aliados internos a exigir mais arrocho. Esse
segmento aposta na mobilização dos movimentos da sociedade civil (sempre dentro
dos marcos legais) em defesa da continuação dos avanços sociais. Calculam que a
iniciativa abriria espaço para a presidente retomar o controle da situação,
saindo da posição acuada em que se encontraria. Dão a impressão de acreditarem
que se o PT e Dilma não reagirem, perderão a liderança da esquerda. O risco
seria a possibilidade de retaliação por parte do sistema, como as que sempre
desabam sobre governos progressistas. Mas, com o apoio da maioria da sociedade
e o compromisso inquebrantável com as regras do jogo democrático, acreditam que
esse perigo seria exorcizado.
Da
Coluna Valdemar Menezes, publicada no O POVO, em 25/01/2015
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