sexta-feira, 29 de maio de 2015

O Eclipse total do Sol - 29 de maio de 1919

No dia em que a ciência fez morada em Sobral
 
Em 1915, Einstein anunciou a sua Teoria da Relatividade, segundo a qual era exigido que a luz tivesse peso e sofresse a força da gravitação como qualquer outra partícula de matéria, estava sujeita a comprovação experimental direta à veracidade desta conclusão. Ocasião única favorável para testar tal conclusão seria o momento de um eclipse total do Sol quando as estrelas em sua vizinhança pudessem ser fotografadas e assim permitisse acompanhar a direção da luz por elas emitidas. Um raio de luz estelar caso possua massa, sofrerá um desvio de seu curso ao passar por perto do campo gravitacional de um corpo maciço como o sol, era a hipótese.
Durante o tempo da I Guerra Mundial não foi possível a realização dessa experiência. O Eclipse de 29 de maio de 1919 despertou assim a atenção dos astrônomos e físicos e deveria ser aproveitado ao máximo. Outros fenômenos solares, como as protuberâncias e a constituição da coroa poderiam ser também melhor estudadas durante a ocultação. O eclipse total de 1919 tornou-se assim um fenômeno de enorme importância para a curiosidade dos astrônomos.
Invisível no hemisfério setentrional, o eclipse não poderia ser visto pelos observatórios europeus e norte-americanos. Estes tiveram que organizar expedições científicas para apreciar o fenômeno, onde as condições fossem mais favoráveis.
Consultando um mapa da trajetória da sombra, via-se que ela começava no pacífico, perto da costa ocidental do Peru e passava sobre o nordeste do Brasil, atravessando o Atlântico rumo à África, onde atingia a costa da Libéria cruzando a África Central, terminando no mar, perto da Costa oriental africana.
A primeira providência a ser tomada foi encontrar, nesta linha de sombra, os locais mais apropriados para onde enviar os observadores. Foi necessário considerar a facilidade de acesso, a altura do sol no momento do eclipse e as possíveis condições meteorológicas com relação a nuvens. Estes estudos preliminares foram feitos no Observatório de Greenwich pelo Dr. Hinks.
No Peru o sol estaria muito baixo, pois apenas surgiria no horizonte. Na África oriental também, pois o ocaso seria próximo. Nas ilhas de São Pedro e São Paulo, no meio do Atlântico o sol estaria a pino, mas uma estação ali seria impraticável já que são apenas rochedos isolados no mar e seus cumes cobertos de guanos. A Libéria seria aceitável tanto com relação à duração da totalidade como a altura do sol, mas lá estava no meio da estação chuvosa e as possibilidades de bom tempo eram remotas. No Lago da Tanganica, a montagem a montagem da estação para observação seria bastante onerosa e também as condições meteorológicas poderiam não ser tão favoráveis. Os astrônomos do Observatório de Greenwich resolveram então mandar duas expedições: uma a cidade de Sobral no Ceará e outra à Ilha do Príncipe, na costa ocidental da África. Nestes dois locais o sol estaria numa altura de 45° e a duração total do eclipse seria de mais de cinco minutos. As condições nestes locais seria as mais favoráveis.
E assim, para observar em Sobral o eclipse total do sol do dia 29 de maio de 1919 estiveram a postos três comissões cientificas. O observatório do Rio de Janeiro enviou sua comissão chefiada pelo Dr. Henrique Morize, composta dos cientistas: Dr. Domingos Costa, astrônomo; Dr. Lélio Gama, calculador; Dr. Teófilo Lee, geólogo e químico; Dr. Luis Rodrigues, meteorologista; Dr. Alírio de Matos, astrônomo; Artur de Almeida, mecânico e Primo Flores, auxiliar. O objetivo da Comissão Brasileira era fotografar a coroa solar para determinar sua extensão, determinar sua composição, tentar medir a velocidade de sua rotação e testar subsidiariamente a Teoria da Relatividade de Einstein
A Comissão Americana, pertencente ao Carnegie Institution de Washington, veio a Sobral, aqui chegando, na data de 9 de maio, junto à Comissão Brasileira, era composta dos cientistas: Dr. Daniel M. Wise, especialista em magnetismo terrestre e Dr. Andrew Thompson, especialista em fenômenos atmosféricos. Tinha como objetivo principal medir os efeitos do eclipse sobre o magnetismo terrestre e sobre as propriedades elétricas do ar na ausência dos raios solares diretos.
A missão mais importante cabia à Comissão Inglesa, composta do Dr. C.D. Crommelin, secretário do Royal Astronomy Society e assistente do Observatório Greenwich e do Dr. C. Davidson, astrônomo do mesmo observatório. O objetivo único da Comissão Inglesa foi medir o peso da luz, para por à prova a Teoria da Relatividade de Einstein. Quando Newton investigou a natureza da luz supôs que ela fosse composta de uma corrente de minúsculas partículas lançadas através do espaço a uma grande velocidade. Enquanto essa teoria vigorou, era natural supor que a luz estava sujeita à força da gravitação, como qualquer outra partícula de matéria deslocando-se a mesma velocidade.
E assim, as observações do Eclipse Total do Sol feitas em Sobral no dia 29 de maio de 1919 deu ao mundo da ciência física moderna e da astronomia as respostas às indagações antes feitas pelos cientistas do mundo inteiro sobre os estudos de Newton e Einstein sobre a famosa Teoria da Relatividade deste.
Pesquisa de Herculano Costa, em diversas fontes, para o blog, em 29/05²015 

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