Brasil pode avançar no
combate à seca e à pobreza, diz especialista
Pesquisa mostra que 16%
do território nacional estão suscetíveis à desertificação
(Foto: Defesa Civil da
Bahia/Divulgação)
Pesquisa divulgada hoje
(17) - Dia Mundial de Combate à Seca e à Desertificação - pelo Centro de
Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), ligado ao Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação, mostra que 16% do território nacional estão suscetíveis
à desertificação. O Estudo sobre o Estado da Arte da Desertificação,
Degradação das Terras e Seca no Semiárido Brasileiro foi desenvolvido para
subsidiar o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à mitigação dos
efeitos das mudanças climáticas.
A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para promover a conscientização sobre o problema, que atinge 42% das terras do planeta e 35% da população mundial. As consequências desse processo climático, agravado pela interferência humana, vão desde a diminuição da fertilidade dos solos à redução da disponibilidade hídrica. A desertificação pode transformar grandes áreas, antes produtivas, em desertos e colocar em risco a vida nessas regiões.
A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para promover a conscientização sobre o problema, que atinge 42% das terras do planeta e 35% da população mundial. As consequências desse processo climático, agravado pela interferência humana, vão desde a diminuição da fertilidade dos solos à redução da disponibilidade hídrica. A desertificação pode transformar grandes áreas, antes produtivas, em desertos e colocar em risco a vida nessas regiões.
(Área em desertificação no município de irauçuba (CE) Foto: Kid Júnior)
O pesquisador Antônio Magalhães, do CGEE, explica que medidas precisam ser
tomadas para evitar que a situação brasileira se agrave. Segundo ele, ainda é
registrado aumento na pressão das atividades humanas na região do semiárido -
como a produção de lenha para energia, carvão, desmatamentos para vários fins,
entre outras. “A preocupação com a sustentabilidade precisa ser internalizada
nessas regiões. O enfrentamento da seca inclui a questão cultural, uma mudança
de comportamento de todos que têm o poder de interferir no meio ambiente. Esse
comportamento é influenciado pelo interesse econômico de curto prazo. Cortar as
árvores para vender a madeira dá lucro no curto prazo, por exemplo, embora a
longo prazo dê prejuízo porque pode inviabilizar toda uma área.”
(Pesquisador Antonio Magalhães - Foto Divulgação)
Magalhães explica que ao longo de
mais de 100 anos, o Brasil ganhou experiência no enfrentamento à seca e
desenvolveu tecnologias capazes de mitigar os impactos nas regiões vulneráveis,
concentradas nos estados da Região Nordeste, além do norte de Minas Gerais e do
estado do Espírito Santo. Para ele, chegou a hora de o governo brasileiro
colocar esse conhecimento em prática.
“Há boas iniciativas, como as da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Semiárido), há muitas
coisas boas sendo feitas que não se transformam em implementação. O problema
exige políticas públicas de curto, médio e longo prazo, que envolvam tanto esse
lado de mudança cultural, por meio da educação, quanto medidas punitivas, como
por exemplo a inviabilidade de crédito bancário para quem não adota as melhores
práticas.”
Magalhães destaca que sempre que
enfrenta a seca, o Brasil também está investindo no combate à pobreza, pois o
semiárido concentra 85% da pobreza do país. “Essas duas coisas são muito
interrelacionadas”, diz o especialista. Ele conta que as populações pobres são
as que mais sofrem as consequências da seca porque têm menos saída para o
problema. “Uma família rica pode se mudar, pode trazer alimentos de fora, pode
enfrentar a situação. Os pobres não têm alternativa.”
“A história do combate à seca
está muito centrada no combate à miséria na Região Nordeste. Ao longo de um
século, as frentes de trabalho do governo na região conseguiram criar
infraestrutura de abastecimento de água e oportunidades de trabalho que
aumentaram gradativamente a renda no semiárido. E, atualmente, apesar de não
ser específico para a seca, o Bolsa Família, ao distribuir renda, também cumpre
esse papel de garantir o mínimo para as famílias da região.”, acrescenta.
Ex-presidente do Comitê Científico da Convenção das Nações Unidas para Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos de Secas (UNCCD), da qual o Brasil é signatário, Antônio Magalhães explica que, formalmente, o país tem feito o dever de casa, apresentando relatórios e cumprindo as obrigações previstas nos encontros mundiais, mas pode fazer mais.
Ex-presidente do Comitê Científico da Convenção das Nações Unidas para Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos de Secas (UNCCD), da qual o Brasil é signatário, Antônio Magalhães explica que, formalmente, o país tem feito o dever de casa, apresentando relatórios e cumprindo as obrigações previstas nos encontros mundiais, mas pode fazer mais.
“Essa é uma convenção que não tem
muito prestígio no Brasil, não tem uma formalização adequada nas instituições
governamentais. E os instrumentos da Convenção, como o Plano de Ação de Combate
à Desertificação, foram feitos, mas são documentos para prateleiras, não são
documentos operacionalizados. O Brasil pode melhorar muito a sua contribuição
para os objetivos da Convenção.”
De Brasília, Maiana
Diniz - Repórter da Agência Brasil 17/06/2015 07h43
Nenhum comentário:
Postar um comentário