Governo anuncia novo
pacote de concessões para tentar reverter crise
O governo federal anuncia nesta
terça-feira (9) um novo pacote de concessões envolvendo rodovias, ferrovias, portos
e aeroportos. Além de mais uma tentativa de modernizar parte da infraestrutura
do país, essa versão do Plano de Investimento em Logística (PIL) é uma reação
da presidente Dilma Rousseff à queda de sua popularidade provocada pela
desaceleração da economia – que já gera aumento do desemprego - e as
denúncias de corrupção na Petrobras.
A previsão é que as obras, se
realmente saírem do papel, gerem investimentos de R$ 130 a R$ 190 bilhões no
país nos próximos anos. Os últimos detalhes do pacote foram definidos pela
presidente, na segunda e no domingo, quando Dilma se reuniu com ministros e
assessores no Palácio da Alvorada, em Brasília, por quase 5 horas. Entre
os anúncios devem estar os leilões dos aeroportos de Salvador, Fortaleza, Porto
Alegre e Florianópolis.
No primeiro mandato da
presidente, foram entregues à iniciativa privada os aeroportos de Guarulhos,
Campinas (SP), Brasília (DF), Confins (MG) e Santos Dumont (RJ). Para
administrá-los, os consórcios vencedores se uniram à estatal Infraero, que
ficou com 49% de participação no negócio.
O governo deve continuar exigindo
a presença da Infraero, mas deve reduzir a participação da estatal para
15% nos novos leilões. Além de uma demanda antiga dos investidores, a mudança
se explica pelo ajuste fiscal promovido por Dilma, que reduziu a capacidade de
investimento do governo. Com uma fatia menor nas concessões, também cai a
necessidade de aportes do Tesouro.
Rodovias
A nova fase do PIL também vai buscar retomar os investimentos em rodovias, hoje o principal canal escoamento da produção nacional, em especial aquela destinada aos portos, para a exportação.
A nova fase do PIL também vai buscar retomar os investimentos em rodovias, hoje o principal canal escoamento da produção nacional, em especial aquela destinada aos portos, para a exportação.
Entre os trechos que podem estar
no pacote está o que liga a cidade de Lapa, no Paraná, a Chapecó, em Santa
Catarina, envolvendo as BR-476/153/282/480, num total de 460,4 quilômetros.
Outro trecho que pode ser levado
a leilão pelo governo envolve as BR-364/060, entre Rondonópolis (MT) e Goiânia
(GO), e tem cerca de 700 quilômetros.
No primeiro Plano de Investimento
em Logística, anunciado em agosto de 2012, a previsão governo era leiloar
7,5 mil quilômetros de rodovias, divididos em 9 trechos. Desses, apenas 6 foram
entregues à iniciativa privada. Depois disso, o programa acabou suspenso por
falta de interesse dos investidores nos trechos restantes.
Ferrovias e hidrovias
Após meses de negociações, os ministros que compuseram o grupo que definiu os
projetos do pacote decidiram retirar as hidrovias do plano. Porém, nas reuniões
que ocorreram nos últimos dias, esse mesmo grupo decidiu incluir as ferrovias.
A expectativa do governo é que o
setor receba investimentos, principalmente de empresários chineses. Entre
as ferrovias que estarão no pacote estão a Transoceânica, que ligará o litoral
sudeste do Brasil ao Peru, e a Norte-Sul, com o objetivo de escoar a produção
do Centro-Oeste pelos portos das regiões Norte e Nordeste, desafogando o porto
de Santos-SP.
Internamente, conselheiros da
presidente avaliaram que se as ferrovias ficassem de fora o plano perderia
“substância”. Ao G1, ministros defenderam a inclusão do setor como forma
de garantir “mais robustez” ao pacote, que apresentará concessões em portos,
aeroportos e rodovias.
No PIL de 2012, a previsão do governo era construir 10 mil quilômetros de novas ferrovias no país. Porém, nenhum dos trechos foi leiloado.
No PIL de 2012, a previsão do governo era construir 10 mil quilômetros de novas ferrovias no país. Porém, nenhum dos trechos foi leiloado.
Portos
Também não deslanchou o primeiro plano do governo para o setor portuário.
Apesar de ter autorizado a construção de portos privados, os chamados TUPs, não
houve avanço nas licitações de terminais em portos públicos.
A publicação do edital do primeiro leilão desse tipo só foi liberada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no último dia 6 de maio, após um ano e meio de tramitação – e quase dois anos e meio depois do lançamento, pelo governo, do programa de investimento no setor portuário.
O arrendamento de 29 áreas nos portos de Santos e do Pará, liberados pelo TCU, deve estar entre os anunciados pela presidente Dilma nesta terça.
A publicação do edital do primeiro leilão desse tipo só foi liberada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no último dia 6 de maio, após um ano e meio de tramitação – e quase dois anos e meio depois do lançamento, pelo governo, do programa de investimento no setor portuário.
O arrendamento de 29 áreas nos portos de Santos e do Pará, liberados pelo TCU, deve estar entre os anunciados pela presidente Dilma nesta terça.
Do G1, em Brasília, Fábio Amato e Filipe Matoso, 09/06/2015, às 06h59
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