Especialistas
recomendam usar restituição do IR para pagar dívidas
Nesta segunda-feira (15), cerca
de 1,5 milhão de brasileiros acertarão as contas com o Fisco. Contemplados no
primeiro lote de restituição do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) de 2015 e
em lotes residuais de 2008 a 2014, eles receberão R$ 2,4 bilhões do Fisco. Em
tempos de incertezas provocadas pelo aumento do desemprego e do encarecimento
das dívidas por causa dos juros altos, a recomendação é usar o dinheiro para
quitar dívidas e poupar o que sobrar.
De acordo com os especialistas, a
preferência deve ser dada às dívidas com juros mais altos. Em primeiro lugar,
vem o cartão de crédito, cujas taxas ultrapassam 300% ao ano e estão no maior
nível em 16 anos. Em seguida, vem o cheque especial, com juros em torno de 210%
ao ano.
“O primeiro conselho a quem
receber a restituição é pôr a vida financeira em dia e livrar-se do máximo de
dívidas que puder. A prioridade deve ser dada a dívidas de maior custo, como o
cheque especial e o cartão de crédito rotativo”, diz o professor do Ibmec,
Gilberto Braga.
Outra vantagem da restituição é o
aumento no poder de renegociação de dívidas em atraso. Ao procurar a
instituição financeira, explica Braga, o consumidor pode oferecer o dinheiro da
restituição como sinal de que está comprometido a se livrar dos débitos,
conseguindo descontos ainda maiores do que se simplesmente fosse renegociar as
parcelas.
O presidente do Conselho Regional
de Economia do Espírito Santo, Eduardo Reis Araújo, esclarece que não apenas os
consumidores inadimplentes devem usar a restituição para pagar dívidas. Mesmo
quem tem as contas em dia deve aproveitar o dinheiro para adiantar parcelas e
conseguir diminuir os juros. “Quem comprou um carro pode pagar uma parcela
extra com o dinheiro da restituição e amortizar parte da dívida. A antecipação
das parcelas reduz os juros finais.”
Caso sobre algum dinheiro da
restituição depois de pagar as dívidas, os economistas orientam o contribuinte
guardar a quantia. Por causa das incertezas em relação aos rumos da economia, a
recomendação é evitar, ao máximo, gastar. Antes de escolher uma aplicação, no
entanto, o consumidor deve ter em mente se pode manter o dinheiro imobilizado
por vários meses ou se precisa constituir uma reserva para emergências e
imprevistos.
“Se o consumidor puder ficar pelo
menos um ano sem mexer no dinheiro, o recomendável é investir o dinheiro em
aplicações de renda fixa, como títulos do Tesouro Direto [programa de venda de
títulos a pessoas físicas pela internet] ou fundos de investimento. Caso
contrário, é melhor guardar na poupança, que oferece rendimentos baixos, mas
tem liquidez e permite saques a qualquer momento”, explica Braga.
Por causa do aumento dos juros e
de preços administrados, como energia e combustíveis, a poupança está rendendo
menos que a inflação em 2015. No acumulado dos últimos 12 meses, a caderneta
rendeu 7,3%, enquanto a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 8,47%. “Mesmo assim, se o consumidor precisar
sacar o dinheiro no meio do caminho, perde menos na poupança do que se resgatar
uma aplicação financeira antes do fim do prazo”, acrescenta Araújo.
De Brasília, Wellton Máximo
– Repórter da Agência Brasil, 15/06/2015 10h00
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