Cardozo admite aumentar
tempo de internação para menores infratores
Para José Eduardo Cardozo, as alternativas objetivam evitar
os efeitos
colaterais da reduçãoda maioridade penal
colaterais da reduçãoda maioridade penal
(Foto:
José Cruz/Arquivo/Agência Brasil)
Após mais de duas horas de
reunião com o presidente em exercício Michel Temer e com deputados da base
aliada para debater a redução da maioridade penal, o ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, apresentou a hipótese de aumentar o tempo de internação de
adolescentes que cometerem delitos “muito graves”. Segundo ele, o objetivo é
chegar a um consenso com a Câmara para buscar uma alternativa à redução
“Estamos buscando alternativas, mexendo na
legislação para não trazer os efeitos colaterais da redução da maioridade penal
e, ao mesmo tempo, permitir um êxito no enfrentamento da questão”, explicou o
ministro.
Mais cedo, Cardozo esteve com o
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que apresentou proposta semelhante. O
governador defende o aumento de três para oito anos do tempo de internação para
adolescentes que praticarem crimes hediondos.
“Vamos adequar a legislação naquilo que ela
pode propiciar uma resposta eficaz e não criar problemas para nós mesmos. Todos
os especialistas dizem que a redução pura e simples da maioridade implicará no
aumento da violência e na ampliação da influência das organizações criminosas”,
acrescentou o ministro.
Michel Temer deixou claro que a
decisão sobre o tema é de competência do Congresso e colocou o governo como
“colaborador” no processo. “Acho que é um tema que envolve toda a sociedade
brasileira e o governo colabora nessa medida com o Congresso Nacional”.
Líder do PT na Câmara, o
deputado Sibá Machado (PT-AC), que deixou a reunião mais cedo, reafirmou que o
governo quer mais tempo para discutir o assunto. “Havia uma proposta do
presidente [da Câmara] Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de discutir ainda neste mês a
redução da maioridade penal. Entendemos que a matéria é altamente complexa. E
não se trata de maioria de plenário”.
Para o líder do governo na
Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), o encontro entre Cardozo e Alckmin foi
o “ponto de partida” para o que ele chamou de “amplo entendimento”. “O espírito
é de entendimento. É uma questão que diz respeito à sociedade brasileira.
Precisamos ter cautela e buscar o entendimento.”
No início de junho, Eduardo
Cunha disse que pretendia votar até o fim do mês a proposta de emenda à
Constituição que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. Pelo Twitter,
Cunha já havia manifestado interesse na realização de um referendo, de modo a
promover um “grande” debate sobre o tema.
De Brasília,Marcelo
Brandão – Repórter da Agência Brasil 09/06/2015 22h19
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