Relator defende redução
da maioridade para 16 anos em todo tipo de crime
Relatório do deputado Laerte Bessa vai defender a
redução da maioridade
penal de 18 para 16 anos em qualquer tipo de infração cometida
por adolescentes (Foto: Marcelo Camargo/Arq. Ag. Brasil)
penal de 18 para 16 anos em qualquer tipo de infração cometida
por adolescentes (Foto: Marcelo Camargo/Arq. Ag. Brasil)
O relator da proposta de redução
da maioridade penal, em discussão em uma comissão especial na Câmara, deputado
Laerte Bessa (PR-DF), defende que a maioridade penal deve ser reduzida de 18
anos para 16 anos, qualquer que seja o ato infracional praticado pelo
adolescente. A mudança consta no relatório que o parlamentar deve apresentar à
comissão, na tarde de hoje (10).
A expectativa inicial era de que
o colegiado votasse ainda esta tarde o documento em que Bessa analisa a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/93. Se o relatório for aprovado, a
PEC segue para votação no plenário da Câmara. Contrário ao texto de Bessa, o PT
já adiantou que pretende pedir vista ao relatório, adiando a votação.
Na avaliação do deputado, a
redução da maioridade penal para 16 anos não extingue ou fere nenhum direito
fundamental das crianças e dos adolescentes, tampouco os princípios
constitucionais.
“Consideramos que a fixação da
maioridade penal em 16 anos é um marco razoável. Não se pode mais permitir que
indivíduos de 16 ou de 17 anos de idade, possuidores de plena capacidade de
entendimento, tenham salvo-conduto para prática de toda a sorte de barbáries”,
sustenta Bessa na cópia do relatório a que a Agência Brasil teve
acesso. O deputado também propõe que, junto com as próximas eleições, seja
feito um referendo popular para consultar a opinião da população sobre o tema.
Em outro trecho do documento, o
parlamentar admite que diminuir a maioridade penal dos atuais 18 para 16 anos
não vai resolver o problema da criminalidade no Brasil, mas que, “quando a
família e o Estado falham em prestar os cuidados básicos de saúde, assistência
social e educação” e em proteger o jovem da influência das drogas,
oferecendo-lhe oportunidades de lazer, cultura, esportes e educação, “é dever
do Poder Público aplicar políticas públicas necessárias à manutenção da ordem”.
“Óbvio que não pretendemos com a
redução da maioridade penal resolver o problema da criminalidade”, afirma
Bessa. “Não queremos negar que a solução para o grave problema passa
principalmente pela ampliação e efetividade dos programas sociais educacionais,
culturais e de pleno emprego [...] Não obstante, esta Casa não pode ficar
inerte ao legítimo clamor da sociedade brasileira, que exige a justa punição
dos adolescentes que praticam crimes graves e restam impunes", aponta o
deputado. > Leia mais sobre esta matéria. Clic abaixo, em:
O parlamentar lembra que, no
Brasil, os jovens já são responsabilizados criminalmente a partir dos 12 anos,
idade a partir da qual podem cumprir medidas sócio-educativa como a internação,
cumprida em estabelecimentos com propósito pedagógico e ressocializador. Pela
proposta de Bessa, o jovem em conflito com a lei deixará de ser julgado pela
chamada Justiça Juvenil, especializada, e passará a responder à justiça comum,
como qualquer adulto. Bessa defende, entretanto, a manutenção da separação
entre jovens e adultos em unidades de privação de liberdade.
“Claro que a redução da
maioridade penal não colocará na prisão os adolescentes de 16 ou 17 anos que
praticarem crimes menores, o chamado 'ladrãozinho de galinha'. As leis penais
que já impõem o encarceramento apenas para os crimes de maior lesividade social
serão aplicadas em sua integralidade aos adolescentes, que somente serão presos
- separadamente dos adultos -, nos casos de cometimento de crimes graves”,
pontua o parlamentar, para quem as penalidades previstas no Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA) são “excessivamente brandas”.
“É imprescindível o ajustamento
do Estatuto da Criança e do Adolescente, a fim de estancar a crescente
criminalidade infanto-juvenil presente nem nossa sociedade.”
Mais cedo, o líder do PT na
Câmara, deputado Sibá Machado, adiantou que o partido vai pedir vista ao relatório
para tentar ganhar mais tempo e aprofundar o debate. Sibá não descarta a
possibilidade de a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171 ser votada ainda
este semestre, mas considera importante que os deputados estejam seguros quanto
ao tema antes de votar.
“Isso não é um jogo de pôquer.
Estamos tratando de vidas. Em primeiro lugar, temos que olhar: botar na cadeia
resolve o quê? Não é só quantas cadeias novas teremos que construir. Mesmo em
se tratando apenas de crimes hediondos temos nuances. Não dá para colocar tudo
na mesma sacola”, disse o deputado.
Sibá reconhece avanços na
proposta do PSDB, que defende a redução da maioridade penal para os 16 anos
apenas em casos de crimes graves. “Acho que estamos avançando para um texto
mais representativo. Um meio-termo entre o que temos que avançar [em uma
possível reformulação] do ECA e o que a PEC propõe.”
De Brasília, Alex
Rodrigues - Repórter Ag. Brasil, com colaboração de Carolina Gonçalves, 10/06/2015,
às 13h16
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