Por Inocêncio Nóbrega (*)
Agosto, 1954
– Qualquer adjetivo que se pretenda dar, pró-fascista, ditador, caudilho, são o
de populista e nacionalista que a imagem de Getúlio Vargas ficou impregnada no
coração do povo brasileiro. Tido como pai dos pobres, nas duas passagens pelo
governo deixou marcas de grandes realizações, as quais dirigentes posteriores, da
Vale do Rio Doce , BNDE e Eletrobrás se encarregaram de apagá-las. Entretanto,
a CLT e a Petrobrás, suas obras capitais, vêm resistindo às ações demolidoras
de recentes sucessores.
Limites nas
remessas de lucros e troca da monocultura do café, pela industrialização
pesada, mexeram com os interesses imperialistas, que no Brasil escolheram
Carlos Lacerda para representá-los. O jornalista carioca, no cumprimento de sua
missão, arrumou infundados pretextos no sentido de desmontar a bem intencionada
era varguista, provocando o suicídio do nosso Chefe da Revolução de 30, gaúcho
de S. Borja. A 24, desse mês, preferiu deixar a vida e entrar na história.
Agosto, 1961
– Porém, Lacerda não descansa. Sete anos
depois estava à crista de novo episódio. De soslaio captava simpatias das
oposições, capitaneadas pelo udenismo, refratárias ao nacionalismo brasileiro,
ainda empolgado com a retumbante campanha do “petróleo é nosso”. Janio Quadros, eleito presidente, embora saído
das hostes lacerdistas, para desespero destas adotou, logo início de sua
gestão, uma política externa independente, a favor da autodeterminação dos
povos. A normalização diplomática com a URSS e laços de amizade com Cuba,
despertaram a ira da galegada, ocasionando a renúncia do nosso Chefe da nação,
a 25 de agosto. Lacerda, adesistas, naquele momento, as quais ressurgiram em
1964. desta vez, não estava só, contava com
a adesão dos ministros militares, que vetaram a posse do vice-presidente Jango.
A intervenção de Leonel Brizola, que mobilizou o Brasil inteiro através da
Campanha da Legalidade, calou as pretensões do golpe.
Agosto, 2015
– Os protagonistas desses acontecimentos, parte já descansam em paz. As
motivações, porém continuam as mesmas, pois os protestos de rua visam
desestabilizar o governo de Dilma Rousseff, exagerando nas falhas em que por
ventura acontecem. Servindo-se da corrução
como mote principal, na verdade querem acabar, de vez, com a estatização do
petróleo, a fim de beneficiar monopólios internacionais. A geopolítica,
irmanizada entre os países do Continente, é a segunda razão que ilude as massas
populares, cujo endereço é bem visível, derrubar os governos progressistas da
América Latina. Ou seja, é tudo quanto o Pentágono sempre almeja.
(*) Inocência Nóbrega é Jornalista e Escritor (inocnf@gmail.com)
Nenhum comentário:
Postar um comentário