Advogado diz que Dirceu
é "bode expiatório" no processo da Lava Jato
Advogado do ex-ministro José Dirceu, Roberto Podval, diz, em
entrevista à imprensa,
que não há nada de novo que justifique a prisão de seu
cliente
(Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)
O advogado Roberto Podval, que
defende o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, disse hoje (ontem, 3), em entrevista
à imprensa, em Brasília, que vai tentar reverter a prisão de seu cliente
determinada nesta segunda-feira (3) pelo juiz federal Sérgio Moro. “Nós vamos
recorrer e tentar reverter uma decisão, a meu ver, equivocada. A prisão foi
para dar um exemplo, e não pelos fins de uma prisão preventiva”.
Para o advogado, Dirceu está
sendo usado como “bode expiatório” no processo da Lava Jato. “Ninguém fala de
uma única conta ou movimentação do Dirceu no exterior. Não fala porque não tem.
Colocam ele como o grande responsável do Petrolão. Estão buscando um bode
expiatório no processo. Podem odiar ele, falar o que quiser dele, mas não havia
fundamento para a prisão. Parece-me exagerado, equivocado, injusto."
De acordo com o advogado de José
Dirceu, a prisão foi em decorrência da pressão popular e não pela existência de
fato novo que justificasse a decisão do juiz federal Sérgio Moro. “Há um
movimento, uma pressão popular, e ela cai em cima do juiz, que é cobrado pela
população. Não vou culpar o juiz Sérgio Moro. Não acho que ele esteja fazendo
política, mas acho que ele, como qualquer ser humano, está reagindo à pressão
popular”, disse. “Nada de novo aconteceu para justificar, agora, a prisão. O
que mudou no processo de 60 dias para hoje? Absolutamente nada”, completou.
O advogado chegou a comentar que
seria melhor Dirceu ficar preso em Brasília, em função da proximidade com a
família. “Para a família, que vive em Brasília, facilita. Para mim, nada é bom.
Prisão aqui ou em outro lugar. Aqui não tem vitória. Fomos derrotados com
relação a ele ser preso. Estamos tentando deixar a coisa mais cômoda dentro do
que é ruim”.
Transferência para Curitiba
O ministro Luís Roberto Barroso,
do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou esta noite a transferência de
Dirceu para a carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba. Ele foi preso
hoje na 17ª fase da Operação Lava Jato, em Brasília. Como a decisão foi
tomada por volta das 20 horas, a transferência deverá ocorrer amanhã (hoje, 4).
A PF aguardava a autorização
do Supremo a fim de transferi-lo para a capital paranaense, onde estão outros
presos na Lava Jato. A decisão de Barroso, relator das execuções penais dos
condenados no processo, é necessária porque Dirceu cumpre pena em regime aberto
por ter sido condenado na Ação Penal 470, do processo do mensalão.
No ofício enviado a Barroso, o
juiz Sergio Moro justificou que a transferência é importante para as
investigações, pois os processos referentes à Lava Jato tramitam na Justiça
Federal em Curitiba.
De Brasília, Marcelo
Brandão e André Richter – Repórteres da Agência Brasil, 03/08/2015 21h28
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