Por Paulo Nogueira (*)
Eduardo Cunha virou o símbolo da
corrupção.
Tanta campanha da mídia para
ardilosamente associar o PT à corrupção, e eis que irrompe espetacularmente
Cunha no cenário e estraga tudo.
Para a plutocracia, é uma má
notícia. O ideal era deixar Cunha com as mãos livres para favorecê-la.
No Congresso, ele liderou, a seu
estilo, ações em prol dos plutocratas. Comandou ataques a direitos
trabalhistas, cerceou o debate em torno da regulação da mídia e fez o diabo
para a manutenção do financiamento privado das campanhas.
É nisso, neste financiamento, que
ele e os donos do dinheiro se conectam. Ele recebe dinheiro para servi-los, e é
recompensado com uma espécie de licença para roubar.
O azar, para ambas as partes, é
que a polícia da Suíça entrou em cena.
E então, depois de quase uma
década de tentativas da plutocracia de carimbar no PT a pecha de grande fator
de corrupção no país, repetindo uma estratégia feita antes contra GV e Jango,
explode o caso Eduardo Cunha. E toda a armação desmorona. A corrupção tem um ícone: Eduardo
Cunha.
Se ele não for exemplarmente punido
em praça pública, o país levará uma bofetada moral de proporções épicas. E essa punição tem que vir
rápido.
Me pergunto o que Janot está
esperando para enquadrar devidamente Eduardo Cunha: que a polícia e a Justiça
suíça façam mais este serviço?
Ah, Eduardo Cunha tem foro
privilegiado, aliás um absurdo que apenas reforça o caráter antiigualitário do
Brasil.
Diante desse obstáculo, evoco Guy
Fawkes, o célebre rebelde britânico que tentou derrubar o Rei Jaime no começo
do século 17 com bombas destinadas a explodir o Parlamento.
Descoberta a trama, o rei
interrogou Fawkes. E lhe perguntou o motivo de tanta agressividade.
“Situações extraordinárias
requerem medidas extraordinárias”, respondeu o rebelde, logo executado depois
de torturas excruciantes durante as quais famosamente não falou nada que
comprometesse seus companheiros de trama.
Com Eduardo Cunha, estamos diante
de uma situação extraordinária. Ele não pode ficar desembaraçado
para fazer o que bem entende porque ele, já sabemos todos, representa o mal, a
corrupção, a trapaça. Todo um país à mercê de alguém
como ele?
De novo: situações
extraordinárias demandam ações extraordinárias.
Prender Eduardo Cunha vai ser o
mais duro golpe na corrupção jamais dado no país.
E que fique claro.
Enquanto não for tão simples
prender figuras como Cunha como foi simples prender Dirceu e Genoíno, não
haverá razões para respeitar a Justiça brasileira.
Paulo Nogueira é jornalista, fundador e
diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
Publicado em 16/10/2015, em Diário do Centro do Mundo
(Aprecie com moderação!)
Meu Caro Herculano Costa,
ResponderExcluirNão sabia do seu blog. Gostei demais da reportagem do Paulo Nogueira. Vi por acaso.
Amanhã citarei no meu Programa Educação e Cidadania na Rádio Educadora de Sobral, das 8 às 9 horas, onde você foi meu convidado para uma entrevista. Divulgue o seu blog. Gostei demais.