Ciro: risco de golpe
existe, mas já viramos o jogo
Potencial candidato à presidência
da República em 2018, o ex-governador Ciro Gomes concedeu entrevista ao
jornalista Lino Bocchini em que abordou aspectos importantes da crise política
atual. "A razão para impeachment é só uma: o cometimento de
crime de responsabilidade dolosamente praticado, ou seja, com culpa consciente
do presidente da República. E mesmo o mais picareta dos nossos adversários sabe
que Dilma é uma senhora honrada e que não dá para acusá-la de ter cometido
crime de responsabilidade, muito menos dolosamente", afirmou.
No entanto, Ciro não aliviou
críticas à situação econômica atual. "O preço caro é que a esmagadora
maioria da população mais pobre estava em ascensão social, melhorando de vida a
cada dia há 12 anos, imaginando com segurança ser para sempre, prevendo seus
filhos livres de suas humilhações e com condições que os pais jamais tiveram. E
agora estão escorregando. Estamos em decadência", afirmou.
Ciro disse ainda que o Congresso
deveria estar discutindo caminhos para a redução da taxa de juros. "O
Congresso, em vez de enfrentar a despesa mais criminosa e imoral de todas, a
despesa com os juros para o financiamento dos bancos, vem propor cortes no
Bolsa Família. Isso é bem a cara da plutocracia escravagista brasileira. Eles
perderam o pudor na medida em que nós, deste lado, estamos falhando na tarefa
de administrar a economia, na tarefa de passar um sinal de decência no trato da
coisa pública e na tarefa de sinalizar esperança para o futuro da sociedade
brasileira."
Em relação ao impeachment, ele
afirmou que o risco de golpe persiste, mas vem sendo afastado. "O risco é
permanente. Mas neste momento nós estamos virando o jogo golpista. Estamos
ganhando a parada. Apesar de todos os erros, fomos ajudados pelo Ministério
Público da Suíça, que nos mandou essas contas espúrias do picareta-mor da
República, Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, representante de uma
maioria de corruptos", afirmou.
"A elite brasileira percebeu
que é absolutamente inexplicável você evoluir para impedir a Presidência da
República, romper as instituições e introduzir uma instabilidade política de 20
anos no País, começando pela assinatura de um picareta processado como formador
de quadrilha, ladrão do dinheiro público, manchete nos jornais do mundo
inteiro. Esse ciclo (do golpe) estamos vencendo. Mas ele voltará muito
rapidamente se não acertarmos a mão", alertou.
Mídia concentrada
Ciro também fez críticas à
concentração dos meios de comunicação no Brasil. "Nossa grande mídia
pertence basicamente a 5 famílias. Vamos ter essa clareza: a mídia brasileira é
nepotista. São 5 famílias donas do que se chama mídia nacional. Qual a solução
para isso? É uma bobajada a la PT, regular a mídia, fazer um despotismo esclarecido
de cima para baixo? Ao fazermos isso, imediatamente entregamos para eles o
discurso correto da censura, da intervenção indevida", afirmou.
"Por aqui temos de financiar
alternativas. E já há essas alternativas, como as cooperativas de jornalistas.
Temos que empoderá-las, mudar a distribuição da verba publicitária do governo.
Distribuir progressivamente as verbas publicitárias ao invés de ficar em
critério de audiência. Temos que fazer o esforço de toda sociedade sadia:
reforçar as minorias, acreditar na inteligência do povo e enfrentar essa
interdição [do debate sobre mídia]", finalizou.
Postado em www.brasil24/7, em 30/10/2015
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