Queda do dólar em
outubro diminui prejuízo do governo com ações cambiais
O recuo de 2,6% do dólar em
outubro, a primeira queda depois de três meses seguidos de alta, deu
um pequeno alívio às contas públicas. Nas três primeiras semanas do mês passado, o
Banco Central (BC) registrou ganhos de R$ 11,4 bilhões com as operações
de swap cambial, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro.
O lucro, no entanto, é pequeno
diante do prejuízo que o BC acumula em 2015 para segurar a cotação do dólar.
Até setembro, a autoridade monetária tinha perdido R$ 112,9 bilhões com as
operações de swap. Com o desempenho até 23 de outubro, segundo os dados
mais recentes disponíveis, o prejuízo caiu para R$ 101,5 bilhões no ano.
O valor refere-se aos resultados
líquidos das operações de swap do Banco Central e é divulgado
semanalmente pela autoridade monetária. O montante foi incorporado aos juros da
dívida pública, que até setembro tinham somado R$ 510,6 bilhões no acumulado em
12 meses, equivalente a 8,89% do Produto Interno Bruto (soma das riquezas
produzidas no país).
Desde maio de 2013, quando os
Estados Unidos começaram a reduzir as injeções de dólares na economia mundial,
o BC tem vendido dólares no mercado futuro para segurar a cotação da moeda
norte-americana. Em agosto daquele ano, o programa tornou-se permanente, com o
BC ofertando diariamente contratos de swap. > Continue lendo esta informação, após o merchandising abaixo:
A política durou até março deste
ano, quando o Banco Central parou de ofertar novos lotes de contratos. Até
agosto, a autoridade monetária passou a rolar (renovar) 70% dos papéis em
circulação. Em setembro, o BC passou a renovar integralmente os papéis em
circulação por causa da disparada do dólar.
O Banco Central mantém um estoque
expressivo de operações de swap, saindo de uma posição zerada no início de
2013 para uma exposição líquida em torno de R$ 400 bilhões atualmente. O lucro de
R$ 11,4 bilhões nas três primeiras semanas de outubro é resultado da diferença
entre a queda média do dólar e a variação dos juros DI, taxas cobradas em
transações entre bancos, com valor próximo ao da Selic (juros básicos da
economia).
Quando o dólar sobe, o BC tem
prejuízo com as operações de swap. Nos dias em que a cotação cai, o órgão
tem lucro. Os resultados são transferidos para os juros da dívida pública,
aliviando as contas públicas quando os contratos de swap são
favoráveis à autoridade monetária e precisando ser cobertos com as emissões de
títulos públicos pelo Tesouro Nacional quando acontece o oposto.
Entenda as operações de swap
Criado em 2001,
o swap cambial é uma ferramenta que permite ao Banco Central intervir
no câmbio sem comprometer as reservas internacionais. O BC vende contratos de
troca de rendimento no mercado futuro. Apesar de serem em reais, as operações
são atreladas à variação do dólar.
No swap cambial, a
autoridade monetária aposta que o dólar subirá mais que a taxa DI. Os investidores
apostam o contrário. No fim dos contratos, ocorre uma troca de rendimentos
(swap) entre as duas partes. Quando o dólar sobe, o BC tem prejuízo
proporcional ao número de contratos em vigor. Quando a cotação cai, os
investidores deixam de lucrar.
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