Cid Gomes em entrevista
a O Globo: “vou avisar a Dilma que o PDT terá candidato: Ciro”
O GLOBO publicou neste domingo
uma entrevista com o ex-ministro da Educação e ex-governador do Ceará Cid
Gomes, em que diz que o governo se “acovardou” diante de Eduardo Cunha, volta a
acusar o presidente da Câmara de “achaque” e diz que Lula institucionalizou o
“loteamento” político. Aqui, com exclusividade para o Blog do Moreno, ele fala
sobre a escolha do irmão, Ciro Gomes, como candidato da família à presidência
em 2018, sobre suas perspectivas políticas e sobre a situação no PDT, o sexto
partido ao qual se filiou.
Por que o candidato da família é Ciro, e não senhor?
O Ciro é o melhor da família. Eu
sei dos meus potenciais e das minhas limitações e conheço os deles. O futuro de
lideranças do Brasil está muito aberto e essa abertura favorece coisa nova. Eu
teria alguma vantagem nesse ponto, mas, por outro lado, a militância e o
conhecimento que ele tem permitirão que alguns dos conceitos atribuídos a ele
possam ser revistos.
Pode-se esperar mudança no temperamento explosivo de Ciro?
Boa parte era ímpeto da juventude.
Naturalmente, ele amadureceu nesse aspecto. Mas boa parte foi oportunismo da
oposição. O que marcou Ciro na campanha em 2002? Uma entrevista que ele deu em
Salvador e tomou as dores contra uma agressão ao ACM, chamou o cara de burro.
Isso é pecado capital? Não é. A outra foi fruto de provocação de um repórter
querendo subestimar o papel dele e superestimar o papel da atriz Patrícia
Pillar e ele fez uma declaração pouco feliz de que o papel dela era dormir com
ele. O que é politicamente correto? Falar da boca para fora ou dar espaço no
governo para mulheres como ninguém até hoje deu?
Quais seus próximos passos na carreira política?
Vou militar, sem ser candidato.
Deus me livre e me guarde de ir para a Câmara. Estou com 52 anos. Se Deus me
der saúde, daqui a uns sete, onze anos, talvez seja candidato ao Senado, para
encerrar a carreira.
O senhor está preparado para
lidar com polêmicas como ter levado sua sogra em viagem oficial à Europa?
Temos os nossos defeitos e os
nossos potenciais. Não foi tudo um mar de rosas. No caso da minha sogra, pedi
desculpas. Embora no Brasil as coisas tomaram proporções tão diferentes que o
que foi um escândalo aqui (no Ceará) não é nada frente ao que seria no cenário
nacional.
Depois de tantas mudanças, o PDT será seu partido definitivo?
Não dá para não rir quando falo
da vida partidária. A grande crítica que se faz à migração de partidos no
Brasil é porque as mudanças se fazem em cima de fisiologismo. No nosso caso
nunca foi por fisiologismo. Pelo meu gosto, cada vez que eu entrava, sempre
desejei que fosse definitivo.
O PDT ter declarado independência e depois voltado para a base após
trocar de ministério não o torna fisiológico?
Não vamos confundir as coisas. A
política existe para se alçar ao poder e no poder se implementar aquilo que se
acredita. Não pode transformar agora poder em coisa espúria. O que se tem que
fazer é colocar gente boa no poder. Nunca foi rompimento com o governo. Como
rompeu e Manoel Dias estava lá?
O PDT irá desembarcar do governo para lançar candidatura própria?
Hoje, o que está em jogo é a
preservação do mandato da Dilma. Apesar de todo carinho, estamos pensando não
por ela, mas pela defesa de um princípio democrático. Não dá para pensar que para popularidade baixa a solução é impeachment. O partido não tirou posição para
daqui a dois anos, mas no curto prazo tem posição clara de defesa do mandato.
Ainda quero falar com ela que fui para outro partido e defendo que o partido
lance candidatura até 2018. Até lá, estamos dispostos a apoiar o governo. Quero
dizer: “A senhora conte conosco até quando achar que seja do seu interesse”.
Por: Júnia Gama, O Globo, 02/11/2015
19h17. (junia.gama@bsb.oglobo.com.br)
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