OMS convoca comitê de
emergência para tratar de combater o vírus Zika
A diretora-geral da Organização
Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, anunciou, hoje (28), a criação de um
comitê de emergência para tratar do vírus Zika. O grupo deve se reunir na
próxima segunda-feira (1º) em Genebra para tratar, entre outros assuntos, do
aumento de casos de malformações em bebês e de doenças neurológicas
possivelmente associado à infecção.
De acordo com a OMS, o comitê
também deve definir se a epidemia do vírus Zika constitui emergência em saúde
pública de importância internacional, como aconteceu na recente epidemia de
ebola detectada na África Ocidental.
Durante sessão realizada em
Genebra, Margaret Chan avaliou que a situação do vírus no mundo mudou
drasticamente e que o Zika, após ser detectado nas Américas em 2015, se espalha
agora de forma explosiva. Até o momento, segundo a diretora-geral, 23 países já
reportaram casos da doença.
“O nível de alarme é extremamente
alto”, disse, em discurso. “A chegada do vírus a algumas localidades foi
associada a um grande aumento no nascimento de bebês com cabeças anormalmente
pequenas e casos de Síndrome de Guillain-Barré [doença neurológica que provoca
fraqueza muscular e paralisia em membros do corpo]”, completou.
Ainda de acordo com a
diretora-geral da OMS, uma relação causal entre o vírus Zika e casos de
malformação congênita e síndromes neurológicas ainda precisa ser estabelecida,
mas há uma suspeita muito forte.
“As possíveis ligações, apenas
recentemente levantadas, rapidamente mudaram o perfil de risco do Zika, de uma
leve ameaça a algo de proporções alarmantes. A crescente incidência de
microcefalia é particularmente alarmante, já que coloca um fardo de partir o
coração sobre famílias e comunidades.”
A situação é preocupante, segundo
Margaret Chan, por conta de fatores como a ausência de imunidade entre a
população; a falta de vacinas, tratamentos específicos e testes de diagnóstico
rápido; e a possibilidade de disseminação global da doença, quando considerada
a presença do mosquito Aedes aegypti em diversas partes do planeta. O
mosquito é o transmissor do vírus.
“Além disso, condições associadas
aos padrões de clima impostos pelo El Niño, este ano, devem aumentar a população
de mosquito de forma significativa em diversas áreas”, alertou. “O nível de
preocupação é alto, como o nível de incerteza. Perguntas não faltam. Precisamos
obter algumas respostas rapidamente”.
Microcefalia no Brasil
Boletim divulgado ontem (27) pelo
Ministério da Saúde confirma que 270 crianças nasceram com microcefalia por
infecção congênita, mas não necessariamente pelo vírus Zika. A pasta ainda
investiga 3.448 casos suspeitos. Os números são referentes a registros de
outubro de 2015 a 20 de janeiro deste ano. A microcefalia pode ter como causa
diversos agentes infecciosos, além do Zika, como sífilis, toxoplasmose, rubéola,
citomegalovírus e herpes viral.
O governo federal anunciou ontem
que 220 mil militares vão ajudar no combate ao mosquito Aedes aegypti,
responsável pela transmissão da dengue, da febre chinkungunya e do vírus Zika.
Em coletiva de imprensa, o ministro da Defesa, Aldo Rebelo, informou que os
homens das três Forças Armadas vão atuar em 356 municípios. “As Forças
Armadas já exercem essa função auxiliar desde o primeiro momento de combate ao
mosquito Aedes aegypti. Agora estamos intensificando a mobilização onde há uma
incidência maior”, disse Aldo Rebelo.
De Brasília, Paula
Laboissière - Repórter da Agência Brasil, 28/01/2016 15h39
(Época de chuva é tempo de plantar. Plante uma árvore!)
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