Nas últimas 48 horas – pouco
mais, pouco menos -, começou a se formar no país e no exterior um clima de
inconformismo que está chegando ao paroxismo. Pessoas e entidades que resistiam
a se manifestar contra o golpe paraguaio que tentam dar no país, finalmente
caíram em si.
Um bom exemplo disso é o PSOL.
Apesar de a ex-candidata psolista a presidente Luciana Genro estar fazendo o
jogo dos golpistas de um modo que sugere que tenha combinado alguma coisa com
eles, ela se isolou no partido.
Na foto abaixo, reprodução da
primeira página da Folha de São Paulo de quinta-feira, 31 de março. Nela,
aparece ninguém mais, ninguém menos do que o deputado federal pelo PSOL
paulista Ivan Valente chegando às vias de fato na comissão do impeachment.
O PSOL fechou questão contra o
golpe e, segundo relata o mesmo jornal supracitado, o partido integrará
oficialmente o ato contra o impeachment que ocorrerá nesta quinta-feira 31 em
todo o Brasil e em quase duas dezenas de cidades mundo afora.
Em diversos países, de Nova
Iorque a Tóquio, milhares de brasileiros se manifestam nas ruas contra o golpe
jurídico-midiático em curso no Brasil. Os brasileiros no exterior mostram apoio
à presidenta Dilma Rousseff.
(Manifestações no Brasil e no mundo)
Ao todo, mais de 60 entidades
participam do evento organizado pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo
Sem Medo. A primeira reúne movimentos historicamente ligadas ao PT, como CUT
(Central Única dos Trabalhadores), MST (Movimento dos Sem Terra) e UNE (União
Nacional dos Estudantes), enquanto a segunda é composta, entre outros, por MTST
(Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e Psol.
(Artistas e intelectuais com Dilma no Planalto)
Também nesta quinta-feira,
intelectuais, artistas e cientistas entregaram a Dilma doze manifestos em favor
da democracia e contra o golpe. O ato ocorreu no Palácio do Planalto.
Entre as personalidades
presentes, os atores Letícia Sabatela e Osmar Prado, o jornalista e escritor
Fernando Moraes, o produtor de cinema Luís Carlos Barreto, a diretora Ana
Muylaert, o escritor Raduan Nassar, o rapper Renegado, o escritor e ilustrador
Ziraldo, o sociólogo Emir Sader e o historiador Luiz Felipe Alencastro.
Foram apresentados vídeos de
personalidades que não puderam comparecer, como o neurocientista Miguel
Nicolelis, a economistas Maria Conceição Tavares e o linguista e filósofo Noam
Chomsky.
Nos últimos dias, aliás, já vêm
ocorrendo manifestações contra o golpe em cidades europeias como Lisboa, Paris, Berlim, Barlena e outras.
(Em Lisboa)
(Em Paris)
(Em Berlim)
(Em Barcelona)
Tudo somado, começa a se tornar
muito custoso para o Brasil consumar um golpe paraguaio de forma tão
escrachada, com o processo sendo conduzido por um presidente da Câmara
envolvido em corrupção até o pescoço, indiciado pelo Supremo, com a mulher e
filha sendo investigadas por corrupção, atingido por provas materiais como
extratos de contas secretas no exterior abastecidas por dinheiro sem origem
comprovada e sem ter sido declaradas ao fisco brasileiro.
A falta de moral dos que
pretendem derrubar Dilma acusando-a de “crime de responsabilidade”, porém, não
é o único nem o principal fator a caracterizar esse processo como golpista.
O que é pior, como diz o ministro
do Supremo Marco Aurélio Mello, é a falta de motivos concretos para derrubar a
presidente da República. Apesar de os golpistas acusarem Dilma de ter cometido
todos os crimes do Código Penal, o processo contra ela que tramita na Câmara se
baseia nas tais “pedaladas”, ou seja, em uma manobra contábil largamente usada
por todos os presidentes da República anteriores e pelos atuais e antigos
prefeitos e governadores de todo país.
Apesar de haver quem queira fazer
prevalecer a tese de que é possível penalizar só Dilma por prática contábil tão
comum, as pessoas sérias e instruídas daqui e de toda parte não cairão nessa,
como não estão caindo.
(Em Brasília)
(Em São Paulo)
Assim, agora resta apenas
conferir a reação dos democratas deste país nos protestos desta quinta-feira
que se espalham pelo país e pelo mundo. A depender da intensidade desses atos
públicos, sobretudo em São Paulo e Brasília, o preço a pagar por um golpe
paraguaio pode ficar impagável para os golpistas de sempre.
Por Eduardo Guimarães, Blog da Cidadania, em 31/03/2016, com ilustrações deste blog, 01/04/2016
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