Em entrevista à CNN,
Dilma fala em defender princípio democrático
Não há base legal para o
impeachment, diz Dilma à CNN (Foto: Reprodução)
Em mais uma entrevista à imprensa
estrangeira, a presidenta Dilma Rousseff voltou a condenar hoje (ontem, 28,) o
processo de impeachment, classificado por ela como golpe. Dilma disse que
vai lutar para sobreviver não por conta do cargo, mas por princípio
"democrático". Ela criticou a chegada ao poder por meio do que chamou
de "eleições indiretas".
Ao canal norte-americano CNN,
Dilma repetiu que não cometeu crime de responsabilidade e que um governante não
pode deixar a posição que ocupa por impopularidade. "Vou lutar para
sobreviver, não por causa do meu mandato, mas porque o que estou defendendo é o
princípio democrático. Quem quer meu impeachment, os líderes
do impeachment têm denúncia e processos de corrupção", afirmou.
A entrevista foi exibida no canal
às 18 horas, horário de Londres, 15 horas em Brasília. Dilma informou que o fato de ser
mulher é um fator relevante, que explica o processo que está sofrendo.
"Eles frequentemente falam que sou uma mulher dura. E respondo sempre da
seguinte forma: 'Sim, sou uma mulher dura, cercada por homens educados, gentis
e amáveis. Só as mulheres são descritas como muito duronas no trabalho quando
tomam uma posição", ironizou.
Questionada se não se sente uma
grande política, comparada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a
presidenta concordou que ele é melhor político do que ela. Referindo-se ao
período que lutou contra a ditadura, Dilma disse ter resistência para lutar por
suas convicções, e que é muito melhor viver na democracia.
Olimpíada
Assim como em outras ocasiões,
Dilma alegou que está sendo acusada por questões contábeis porque não podem
tirá-la por corrupção. "Apoio qualquer mudança no Brasil, desde que seja
baseada em votos livres. Não me apego a cargo, à posição de presidente, mas sou
contra eleições indiretas", acrescentou.
Ao ser perguntada sobre os Jogos
Olímpicos do Rio de Janeiro, que ocorrerão em 99 dias, a presidenta respondeu
que vai se sentir triste se não for presidente quando o evento ocorrer. Na primeira
quinzena de maio, os senadores vão decidir se ela deve ser afastada para que o
mérito do processo de impeachment seja analisado.
"Estou mais triste, porque
acho que a pior coisa para qualquer ser humano é ser vitima de injustiça. Estou
sendo vítima. É o pior sentimento para um ser humano, porque você pode perder
um ativo democrático dessa nação. Em minha história inteira, nunca pensei que
iria experimentar de novo", concluiu.
De Brasília, Paulo
Victor Chagas - Repórter da Agência Brasil, 28/04/2016 21h56
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