Especialista americano
questiona: a lei ainda vale alguma coisa no Brasil?
O diretor do Centro de Pesquisa
Econômica e Política em Washington, Mark Weisbrot, publicou um artigo no portal
norte-americano Huffington Post em que destaca que o Ministério Público
não encontrou crime cometido pela presidente Dilma Rousseff e coloca uma
pergunta: "A lei vai contar para alguma coisa no Brasil?".
Weisbrot, que recentemente
acusou os Estados Unidos de apoiarem o golpe contra Dilma, vê "muitas
semelhanças" entre o episódio da presidente do Brasil e o processo de
impeachment sofrido pelo ex-presidente norte-americano Bill Clinton, que acabou
sendo rejeitado no Congresso dos Estados Unidos.
"É movido por um grupo de
políticos que querem mudar o resultado das eleições nacionais e orientar o país
em uma orientação diferente, de direita", compara o americano. "Mais
importante, falta um crime; os inimigos de Bill Clinton poderiam ao menos vir
para cima com os alegados crimes de perjúrio e obstrução da Justiça, mas os
articuladores do impeachment de Dilma não têm nem tal violação criminal para
alegar", diz.
"Falta, é claro, o escândalo
sexual", lembra ele. "E as acusações são tão fracas que a maioria das
pessoas nem sequer sabe contra o que a presidente está sendo acusada, e não é
assim tão fácil de descobrir", ironiza, detalhando a decisão do procurador
federal Ivan Claudio Marx, que concluiu que não houve crime cometido por Dilma Rousseff.
O colunista faz um duro ataque à
imprensa brasileira: "Mas relatos da imprensa – na medida em que sequer se
preocupou em informar sobre a conclusão do procurador – parecem indicar que as
forças pró-impeachment estão agindo como se a lei, e a declaração do promotor,
são irrelevantes".
Weisbrot afirma que os
adversários de Dilma "estão pressionando a todo vapor o Senado para
reverter os resultados das eleições presidenciais de outubro de 2014" e
líderes políticos, como ficou comprovado em gravações telefônicas, "estão
fazendo isso para evitar uma investigação mais aprofundada de sua própria
suposta corrupção".
"Eles podem se livrar dessa?
Muito depende de se a mídia – e o público – agora vai aceitar que um grupo de
políticos corruptos pode remover um presidente democraticamente eleito, sem
qualquer base legal para fazê-lo", conclui.
De Brasília, Brasil 247, 22/07/2016, às 15h40.
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