Padilha
confirma ter conversado com Calero sobre controvérsia com Geddel
O
ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, confirmou que procurou o ex-ministro da
Cultura Marcelo Calero para tratar “da discordância” entre o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Secretaria de Assuntos
Jurídicos da Casa Civil sobre o embargo à construção de um prédio em área nobre
tombada como patrimônio histórico de Salvador, no qual o ex-ministro da
Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima admitiu ter comprado um imóvel.
Em nota divulgada na noite desta quinta-feira (24), Padilha afirma que foi informado da controvérsia que surgiu quando Geddel procurou Calero defendendo que o Iphan liberasse a construção do edifício La Vue Ladeira da Barra. O ex-ministro da Cultura entendeu a ação de Geddel como um ato de pressão política, motivada por interesses pessoais, e pediu demissão. Já o então ministro da Secretaria de Governo afirma não ter cometido qualquer irregularidade e que estava preocupado apenas com a manutenção de empregos e com o estímulo à atividade econômica. A repercussão do caso levou Geddel a deixar o cargo hoje (24).
Em nota divulgada na noite desta quinta-feira (24), Padilha afirma que foi informado da controvérsia que surgiu quando Geddel procurou Calero defendendo que o Iphan liberasse a construção do edifício La Vue Ladeira da Barra. O ex-ministro da Cultura entendeu a ação de Geddel como um ato de pressão política, motivada por interesses pessoais, e pediu demissão. Já o então ministro da Secretaria de Governo afirma não ter cometido qualquer irregularidade e que estava preocupado apenas com a manutenção de empregos e com o estímulo à atividade econômica. A repercussão do caso levou Geddel a deixar o cargo hoje (24).
“Fui
informado do licenciamento de um edifício pelo Iphan, em discussão no âmbito do
Poder Judiciário”, confirma Padilha, ao justificar por que procurou Calero.
“Ante as decisões judiciais e a controvérsia entre os órgãos públicos federais,
sugeri ao ex-ministro [Calero] que, em caso de dúvida, na forma da Lei,
buscasse a solução junto à AGU (Advocacia-Geral da União)”.
Em
depoimento na Polícia Federal (PF) no último sábado (19), um dia após pedir
exoneração do cargo, Calero disse que, em junho deste ano, recebeu um
telefonema de Geddel, pedindo-lhe para orientar a presidente do Iphan, Kátia
Bórgea, a receber os advogados da construtora responsável pelas obras. Calero
diz que orientou Kátia a agir conforme as normas técnicas e a legislação. De acordo
com Calero, Geddel classificou a paralisação da obra de absurda, por trazer
prejuízos à atividade econômica.
O
ex-ministro da Cultura afirmou que Geddel ligou novamente na noite de 28 de
outubro, pedindo que o Iphan homologasse a autorização para o início das obras
fornecida pela Superintendência do instituto na Bahia. Segundo Calero, foi
nessa conversa que Geddel disse ter um apartamento no La Vue.
Calero
também informou contou à PF que esteve com Geddel no dia 31 de outubro e que
este insistiu no assunto. Ele disse ainda que, mesmo não estando subordinado a
Geddel, sentia-se como se devesse responder ao então secretário de Governo, por
ser este um “integrante do núcleo palaciano da administração federal”.
O
ex-ministro da Cultura disse que recebeu pelo menos mais uma ligação de Geddel
até que, em 6 de novembro, o Padilha telefonou e argumentou que, se a questão
estava judicializada, não cabia ao Iphan proferir uma decisão administrativa
definitiva. Segundo Calero, o chefe da Casa Civil o aconselhou a procurar uma
saída junto com a AGU. Calero afirmou que, no dia seguinte, encontrou-se por
acaso com Geddel e com o secretário de Assuntos Jurídicos da Casa Civil,
Gustavo Rocha, na antessala do gabinete da Presidência da República, e que
ambos insistiram para que ele procurasse a AGU.
Calero
disse ainda que o presidente Michel Temer estava a par de tudo. O ex-ministro
contou que, no jantar que Temer ofereceu a senadores, no dia 16 deste mês,
relatou os fatos à chefe de gabinete do presidente, Nara de Deus, antes de
procurar o próprio Temer. De acordo com Calero, após ouvi-lo, Temer disse que
ficasse tranquilo. Calero acrescentou que, no dia seguinte (17), ao atender a
um chamado do presidente, Temer disse que a decisão do Iphan criou
“dificuldades operacionais ao gabinete presidencial” e deixou Geddel
“irritado”. O ex-ministro da Cultura afirmou que Temer o aconselhou a procurar
a advogada-geral da União, Grace Mendonça, e a procurar “construir” uma saída.
Em nota
divulgada no fim da noite de quinta-feira, Grace Mendonça classifica de
irresponsabilidade o envolvimento de seu nome no episódio e de insensatas as
declarações atribuídas a Calero. Segundo Grace, não há possibilidade de
construir qualquer solução jurídica para o caso do empreendimento imobiliário em
Salvador que não seja fundamentada na Constituição e no ordenamento jurídico
brasileiro.
A
advogada-geral nega ter recebido qualquer orientação para direcionamento nas
manifestações da AGU. “Tampouco aceitaria qualquer tipo de interferência na
atuação independente e técnica do corpo jurídico da instituição.
Qualquer
afirmação em contrário é inverídica e leviana”, afirmou Grace, confirmando o
pedido da Secretaria de Assuntos Jurídicos da Casa Civil para que a AGU
avaliasse uma possível divergência jurídica entre órgãos da administração.
“Dirimir conflitos jurídicos é uma das funções da AGU”, disse a advogada.
De Brasília, Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil, 25/11/2016,
às 13h48



Nenhum comentário:
Postar um comentário