Temer segurou Geddel. E agora:
prevaricou?

Marcelo Calero, agora ex-ministro da Cultura, denunciou um crime
no coração do governo Temer: Geddel Vieira Lima, braço direito do presidente,
usa seu cargo para defender seus próprios interesses – e não o interesse
público.
Mais precisamente, Geddel pressionou órgãos técnicos do governo a
liberar uma obra que, segundo arquitetos e urbanistas, agride o patrimônio
histórico de Salvador. O motivo? Geddel tem um apartamento de R$ 2,4 milhões
num andar alto do espigão de 107 metros. "Como é que eu fico?",
questionou Geddel, ao pressionar Calero.
Diante do escândalo, Temer não tinha outra saída, a não ser
demitir Geddel. Isso porque a procuradoria-geral da República não terá meios de
abafar a denúncia de Calero – que dificilmente voltará atrás em suas
declarações.
Ou seja: se Temer não o demitir, será cúmplice de Geddel,
admitindo que, em seu governo, autoridades podem usar seus cargos em prol de
benefícios pessoais. Mais grave ainda, será acusado do crime de prevaricação,
uma vez que Calero o alertou sobre as pressões ilegítimas que recebia de Geddel.
O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (PT-BA), promete entrar com
representações contra Geddel e Temer ainda nesta segunda-feira.
A demissão de Geddel, no entanto, teria um alto custo político
para Temer, uma vez que os dois atuam juntos no setor portuário há mais de duas
décadas, desde quando o político baiano era responsável pela administração dos
terminais de Santos, no governo FHC.
Temer decidiu preservá-lo, mas a queda do articulador político do
governo parece ser uma questão de tempo. Se Temer não o demitir agora, diante
do escândalo Calero, terá que fazê-lo quando se tornarem públicas as delações
premiadas da OAS e da Odebrecht, que fatalmente o atingirão.
De Brasília, Brasil 247, 21/11/2016, às 06h48
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